domingo, janeiro 23, 2005

A RTP Do Nosso Descontentamento II

O CANAL 2 E A SOCIEDADE CIVIL
Um dos grandes cavalos de batalha do ministro M. Sarmento, na sua política de "grande esforço e inovação", uma adjectivação repetida por ele próprio sempre que tem oportunidade, foi a seguida com a RTP 2, "entregue à sociedade civil".
Esta "entrega" foi a maior mistificação da tal política, já que esta sociedade civil, a que foi entregue o Canal 2, não existe. As instituições que se associaram a este projecto e se constituiram como "parceiros" do canal, que patrocinam uma parte dos programas emitidos, são, na sua maioria, organismos, organizações e empresas , fundações, associações, alimentados por capitais públicos.
Para além dos capitais públicos têm outra característica comum: não têm vocação para produzir, realizar, programar, ou mesmo controlar a produção de programas de televisão. Acrescente-se que, em alguns casos, a contribuição dada ao canal 2, no panorama da tal sociedade civil, tem apenas a ver com "pequenas vaidades pessoais" dos respectivos dirigentes.
As consequências são o que se vê: quando a proclamada sociedade civil ocupa a Antena, sucedem-se os programas sem qualidade técnica, estética, artística, numa confrangedora pobreza de conteúdos e de formatos, a que a direcção do canal parece não querer nem poder pôr fim.
É que aquelas são horas preenchidas com programas entregues, para emissão, a custo zero ou tão baixo que tornam impossível a mínima exigência.
Aliás, à parte os programas produzidos pela RTP Meios, e que em nada se distinguem das piores produções externas, não existe nenhum controlo de qualidade dos programas apresentados, já que os "parceiros" do canal escolhem, soberanamente, as empresas produtoras dos seus "produtos televisivos".
Esta falta de controlo deu origem ao aparecimento das chamadas empresas de vão de escada, produtores completamente desconhecidas até agora e que são escolhidas pelos parceiros do canal para produzir e realizar a baixa qualidade que caracteriza o actual canal 2.
Em conclusão: o orçamento de Estado continua a pagar dois canais de televisão, com duas diferenças importantes: a factura do canal dois é dividida em múltiplas contas, algumas das quais não contribuem, seguramente, para o objectivo estabelecido e, ao mesmo tempo, o Estado alienou o controlo da qualidade de grande parte da grelha de emissão daquele canal.

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