sábado, janeiro 08, 2005

A estória da minha ida ao futebol

Amanhã, dia 8 de Janeiro, o país vai vibrar com mais um jogo de futebol entre o Sporting e o Benfica. Velha tradição a que se chamam os mais variados nomes: "clássico", "derby", "campeonato na segunda circular", eu sei lá mais quantas coisas, inventadas pela imaginação sempre muito fértil dos jornalistas desportivos. Lembro-me de um com uma imaginação tão brilhante que acabou confidente do director nacional da PJ.

Eu não vou ao estádio Alvalade XXI. Até talvez pudesse ir, mas tenho as minhas razões para não ir. É uma pequena história: no último dia 4 de Janeiro, disputava-se um jogo de futebol de pequeno cartaz naquele estádio, que eu ainda não tinha visto. Também por outras razões que não vêm ao caso, mas porque pensei ser aquele um jogo de pouco cartel e, portanto, com pouca gente, seria a oportunidade ideal.

Cheguei ao local das bilheteiras para comprar bilhete com meia hora de antecedência. Havia tanta gente que tive vontade de desistir - palavrinha difícil esta!... - e lá estive o tempo necessário para obter o rectângulo de papel que me deu direito, primeiro, a ser apalpado, e depois, a entrar no Estádio. Estava a primeira parte do jogo a acabar.

Enquanto esperava que o pobre jogo recomeçasse fui matutanto nesta desgraça portuguesa da desorganização. Dantes, os estádios eram incómodos, frios, estavam à chuva e tantas outras coisas. Agora, o espaço é mais acolhedor, não se corre o risco de uma gripe se começar a chover, tem tudo um ar limpo.

Tudo muito bem. E os clientes? Deixam-se uma hora e meia à espera para ver o espetáculo!

Fazemos tantas vezes lembrar um país do terceiro mundo que começo a pensar na hipótese de não ser só piada. Estas falhas são uma questão de organização. A estrutura está lá: bonita, acolhedora, funcional -construída apenas para o futebol, mas está lá.

Iniciou-se a segunda parte do pobre jogo e os meus pobres tímpanos começaram a ser agredidos por sons estranhos: tambores e gritos amplificados por sistemas de som de má qualidade. Uma mistura que resultava num espectáculo horroroso, grotesco, que alguns espectadores, nas bancadas de topo acompanhavam com saltos simiescos e gestos descabidos.

Tudo isto, sem aparente justificação, porque na relva bem cuidada o pobre jogo continuava sem grandes primores técnicos.

Já há muito tempo que não ia ao futebol ao vivo - tenho-o preferido na televisão -. E com razão: pensei. Então perco eu alguma do meu tempo em deslocações, em esperas e depois, para além de um jogo mau, ainda tenho que assitir aquele espectáculo escabroso!

São as claques organizadas - dizem-me depois.

E são permitidas ? pergunto eu. Não só permitidas, estimuladas. Volto para casa a pensar que, para além de mal organizados no trabalho continuamos a ser mal organizados no lazer. Como é que eu algum dia convenceria a família a ir ao futebol comigo? A minha paixão pelo futebol seria definitivamente deitada no cesto das aberrações. Agora, já tenho que desligar o som por causa das crianças.Não vão elas aprender aquele linguajar dos jornalistas e comentadores futebolísticos, "aqueles que..."

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