quinta-feira, junho 15, 2006

FEIOS PORCOS E MAUS

Com o exlusivo quase exclusivo da TV-Cabo, através da TV-Sport, ficamos tramados. São negócios. Não há moralidade. Não comem todos. Só alguns vêem -- os que pagam! Eles comem tudo, comem tudo e não deixam nada, como cantou um que sabia. Os donos da bola, montam o circo como lhes apetece. De vez em quando metem água e fazem birra.
Logo no início da sua actividade, a Cabo viu-se com um concorrente à transmissão de um jogo entre uma equipa portuguesa e outra italiana. Acontecia que, ao tempo, existia na rede um canal italiano, que, por acaso transmitia o jogo. Fizeram, na altura, o mesmo que desta feita: cortaram a emissão. Devem ter metido água porque deram umas desculpas esfarrapadas e, de raiva, cortaram o mal pela raiz: despejaram o canal no lixo, trocando por outro que não dava nada que preocupasse.
Agora repetiram a graça: cortaram a emissão, sem dar cavaco e, nos dias seguintes, à hora do jogo, fecharam o canal com uma explicação ambígua.
Não sei se devo ou não por em causa o direito, mas contesto o rigor. A transmissão pelo «M-6», em francês, era um pequeno lenitivo para quem está fechado em casa e não tem taco para mafiosos. Não competia com o «20». Só tinha a vantagem de não ter que gramar Peseiro e outros do mesmo peso, chatos como burro. A emissão é, grosso modo, má. Aquela maneira do comentador comentar tudo menos o que está a acontecer enerva. Raramente vejo a SIC e ainda menos a TVI. Praticamente só espreito os telejornais, a saltitar de um para outro e aí dez minutos, depois já não há saúde. Mesmo assim, nos jogos com Portugal, prefiro a SIC, tão má me parece a emissão desportiva na Sport-Tv
Curioso é que, frequentemente tenho visto em Paris jogos de clubes portugueses ou da selecção portuguesa, através da TV e não estou a imaginar o «Canal Plus» bloquear os canais dos vizinhos. De resto não é novidade em países africanos ver-se jogos cujos direitos nem sequer foram negociados: uns aproveitam, outros fecham os olhos. Que mal viria ao mundo se meia dúzia de criaturas espreitasse o Irão ou a Tunísia, a Costa Rica ou a infeliz Polónia. No fim de contas a comunidade europeia é bem mais económica que solidária. Dar aos ricos o que se rouba aos pobres já não se usa. Mas é por estas e outras que não se deve ir à bola com Oliveiras...

A PEDIR CHUVA

... Não andava eu, quando ela me caiu em cima, esta manhã. Desatei a mandar vir com os comentadores, com a mania de se meter em tudo, até no treino alentejano de Scolari. Mas desde que descobriram os trinta e tal de caloraço, que o Barbas lhes mandou para cima dos estádios germânicos, meteram a viola no saco e o treinar em Évora desapareceu dos horizontes. É injusto: eles a pedir chuva e frio e eu é que gramei com ela. Mas quando vi a manif não fui de modas fiz de comentador para mim: «lás estão os malucos da bola». Asneira! Eram agricultores de culturar subsídios, cheios da razão deles: sem subsídio não há pão, nem feijão. Pois não, mas nos supermercados expõe-se fromage à fartazana, fraises por grosso e atacado made in Spain,picanha congelada ou por congelar, argentina ou brasileira, viande irlandesa. O bordeaux é menos caro que a pinga do Douro e mais barato que o alentejano. Não se espantem. Deve ser por escassês de subsídio.
Os profesores podiam ensinar isto melhor, mas estão ocupados. O governo também, mas também está ocupado a denegrir a classe. A classe é média baixa, é, sim senhor, mas alguém mediu o índice do governo? Dos governos todos que a democracia nos porporcionou e que deixaram, na matéria, a obra que está à vista. A política, infelizmente, não é como o futebol: não tem árbitro munido de cartões vermelhos. Se qualquer membro do governo pode dizer que os professores não são competentes, sem qualquer espécie de pudor, por que fazer crer que é indelicado dizer que o ministro tal foi um filho desta ou daquela, que este ou aquele governo foi pior que um terramoto. Muitos dos ministros, ministras e afins que passaram pelo Ministério da Educação não saberiam dar uma aula, quanto mais avaliar um sistema de ensino. Os velhos sabiam que não se podia meter o Rossio na rua da Betesga. Os ministros e os governos nunca quiseram crer nisso. Orçamentos curtos e professores baratos é demasiado básico para ir longe.
É evidente que é forçoso arrepiar caminho. Não bastará à ministra ter a melhor das intenções. É preciso o envolvimento de todo o governo. Nada de solidariedade ministerial, nada disso. Apoio e contribuição de todos os ministérios a dar corpo a um movimento nacional. De outro modo não se vai longe. A pintar a fachada não se vai longe...