quinta-feira, junho 15, 2006

A PEDIR CHUVA

... Não andava eu, quando ela me caiu em cima, esta manhã. Desatei a mandar vir com os comentadores, com a mania de se meter em tudo, até no treino alentejano de Scolari. Mas desde que descobriram os trinta e tal de caloraço, que o Barbas lhes mandou para cima dos estádios germânicos, meteram a viola no saco e o treinar em Évora desapareceu dos horizontes. É injusto: eles a pedir chuva e frio e eu é que gramei com ela. Mas quando vi a manif não fui de modas fiz de comentador para mim: «lás estão os malucos da bola». Asneira! Eram agricultores de culturar subsídios, cheios da razão deles: sem subsídio não há pão, nem feijão. Pois não, mas nos supermercados expõe-se fromage à fartazana, fraises por grosso e atacado made in Spain,picanha congelada ou por congelar, argentina ou brasileira, viande irlandesa. O bordeaux é menos caro que a pinga do Douro e mais barato que o alentejano. Não se espantem. Deve ser por escassês de subsídio.
Os profesores podiam ensinar isto melhor, mas estão ocupados. O governo também, mas também está ocupado a denegrir a classe. A classe é média baixa, é, sim senhor, mas alguém mediu o índice do governo? Dos governos todos que a democracia nos porporcionou e que deixaram, na matéria, a obra que está à vista. A política, infelizmente, não é como o futebol: não tem árbitro munido de cartões vermelhos. Se qualquer membro do governo pode dizer que os professores não são competentes, sem qualquer espécie de pudor, por que fazer crer que é indelicado dizer que o ministro tal foi um filho desta ou daquela, que este ou aquele governo foi pior que um terramoto. Muitos dos ministros, ministras e afins que passaram pelo Ministério da Educação não saberiam dar uma aula, quanto mais avaliar um sistema de ensino. Os velhos sabiam que não se podia meter o Rossio na rua da Betesga. Os ministros e os governos nunca quiseram crer nisso. Orçamentos curtos e professores baratos é demasiado básico para ir longe.
É evidente que é forçoso arrepiar caminho. Não bastará à ministra ter a melhor das intenções. É preciso o envolvimento de todo o governo. Nada de solidariedade ministerial, nada disso. Apoio e contribuição de todos os ministérios a dar corpo a um movimento nacional. De outro modo não se vai longe. A pintar a fachada não se vai longe...

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