sexta-feira, maio 06, 2011

O Jornalista-Polícia

Os últimos dias têm sido angustiantes. Ao ouvir as rádios, as televisões e ao ler os jornais, percebemos que a nossa gente da comunicação social está toda de joelhos. A alegria com que as desgraças foram sendo noticiadas - quanto pior melhor - foi uma verdadeira tristeza para os que continuam a ter consciência cívica, para os que não se isolaram neste pequeno espaço geográfico e continuam a olhar para o Mundo global em que - quer se queira ou não - existimos.

O culminar da angústia foi a conferência de imprensa dada pela chamada "troika"( três funcionários de instituções internacionais) em que, empurrados pelas perguntas dos jornalistas nacionais, estes três homens, com o ar de quem manda, foram ganhando coragem para fazerem considerações de carácter político acerca do nosso país.

Que nos interessa a opinião destes ficais da União Europeia, do Banco Europeu e do FMI? Por que razão temos que os ouvir. Que leva certos jornalistas a fazer determinadas perguntas? São os porta-vozes daquelas organizações que, com o ar feliz de quem foi fazer queixa ao patrão e fez todas as reivindicações e foi ouvido...?

O pior, todavia, para mim, aconteceu ontem à noite na RTP 1, com o "jornalista"- escritor José Rodrigues dos Santos - o tal que vai às guerras mas fica sempre longe - a fazer uma entrevista ao ministro das finanças. Sei que o homem dá aulas de jornalismo em algumas faculdades. Espero que os alunos dessas aulas não tenham visto a pseudo-entrevista para que não repitam nas suas vidas futuras o que aconteceu: um interrogatório mal-educado, semelhante ao de um polícia disposto a arrancar, de qualquer jeito, uma confissão ao presumível culpado.

Uma verdadeira vergonha, a somar a tantas outras que todos os dias se repetem, trambém na televisão pública, em que se nota uma "fúria" particular contra o actual poder, como que a querer libertar-se da subserviência de ainda há poucos meses...

segunda-feira, maio 02, 2011

Memórias Curtas

Eduardo Catroga apareceu um dia destes a fazer declarações verdadeiramente espantosas: que as novas gerações deveriam levar a Tribunal o actual Governo, que "o fartar vilanagem" de Sócrates foi a desgraça e, nas televisões, para melhor convencimento, ensaiou uma emoção húmida.

Este é o mesmo homem que - seco - foi ministro das finanças de Cavaco Silva entre Dezembro de 1993 e Outubro de 1995, o final do mandato da desgraça, em que o "fartar vilanagem" de Cavaco deu origem a vários gangs de assalto selectivo ao esforço português. Se este Catroga tivesse memória lembrar-se-ia do déficit das "suas" finanças públicas e da destruição de todo o aparelho produtivo nacional levado a cabo pelos dois governos de maioria do seu actual patrão e cujos efeitos se continuam a fazer sentir. É que, senhor economista laureado, nem sequer nos deixaram alternativa.
A haver julgamento seria para ele e muitos outros também.

Não lhe fica bem o ar de "pai natal" comovido com as criancinhas que estão a crescer. As gerações que, licenciados por Universidades enxameadas de cursos de papel e lápis com que Cavaco povoou o país, deviam pedir um julgamento sumário aos governos de finais de oitenta e meados de noventa.

Oh! Senhor Catroga! Não se preocupe com os seus netos. Com o seu curriculum, que o exibe sempre encostado ao grande capital, e com a reforma que entretanto fabricou para si próprio vão passar a rir pela crise dos outros.

Só mesmo este homem assustado com a possibilidade de continuar longe do poder me faria voltar agora a este blogue...