quarta-feira, maio 30, 2007

MANDA QUEM PODE

É evidente! O chato da coisa é não ser eu o que pode e assim nem me importar com a truculenta malvadez do meu companheiro de blog, que me compromete. Vou já dizer que nem lhe conheço e mais gritar-lhe: vai de eléctrico,Satanás, invejoso da boa estrela dos felizardos. E não é que li no pasquim matinoso que os jornalistas têm medo. Mas não dizem que é dos gajos do taco que eles se arreceiam! Deixem disso, caramba! Não tenham medo. Façam como eu que tenho (e muito!) mas não digo.Quando está escuro até assobio ou escondo-me atrás do cão.Até dos insossos tenho cagufa, quanto mais dos salgados e afins.Fico é calado. Agora que nem há pide posso ficar calado. Quando há risco é preciso ser pronto a apontar para o lado e o do lado que se amanhe.
Não há razão para alarmismos. Aqui é tudo bem e com o dinheirinho temos que compreender que todo cuidado é pouco. Porra! tou cheio de pôr água na fervura. Esta nossa não é profissão de risco. Ainda há pouco limparam um jornalista, lá, por Moscavide, como se dizia no tempo da outra senhora, mas Putin não deve ter tido nada a ver com aquilo! E se tivesse acham que o José tinha lá ido visitá-lo?
Mudemos de assunto, até porque vim aqui corajosamente porque me tinha esquecido de me lembrar de contar um susto que tive em Paris, justamente quando o Sarkosy andava a imitar Sócrates, a saltitar pelas veredas do bosque, tendo o cuidado de não permitir a presença de mais de 174 fotógrafos e alguns centos de cameramen.Não, nada disso, eu não estava lá, ia para outro lado, para o Hospital, por acaso bem simpático. Já não ia para aqueles lados há algum tempo. Saio da cova e, ho!, que vejo eu: o Metro do Porto a circular avenida acima!
Esfreguei os olhos. Atravessei. Nem sei porquê! Talvez estivesse esperançado em ver o major conduzir o eléctrico. É igualzinho, xiça, tal qual. Não havia, claro, Valentim nenhum.Mas, levava gente,lá isso levava,não é como o daqui, da outra banda, que anda às moscas.
Ontem ouvi um comentador comentar, na TVI. Sujeito corajoso. Disse mal de Pinto da Costa. Ainda não há muito andava ao colo dele. Ao menos a outra era de alterne...

terça-feira, maio 29, 2007

Recordando


Em Janeiro d2 2006 escrevi neste blog dois textos com os títulos "Ricardo Salgado Super Star e "A Democracia do Voto".
A propósito do texto que inseri ontem com o títtulo "A propósito", resolvi recuperar esses dois textos, anotando especialpente que o primeiro tem 53 comentários, que vão sendo colocados de tempos a tempos e que parecem mensagens de um louco ou de um grupo que aproveitou o texto para trocar mensagens cifradas entre si. Não deixa de ser curioso.
Ricardo Salgado Super Star
Desde que apareceram as notícias que implicam o BES (Banco Espírito Santo) em movimentos estranhos, com cofres nas casas dos funcionários, cheios de dinheiro, mas sem acesso pelos putativos donos, Ricardo Salgado virou vedeta da televisão, da Rádio e (quem sabe?) da cassete pirata.
Ele aparece em festas sociais, ele aparece na televisão a explicar qualquer coisa inexplicávcel,ele aparece a apresentar a nova imagem do BES, imaginada e montada em tempo recorde - para apagar a que existe nos arquivos da Judiciária.
Ele fez as pazes com o Balsemão, depois de uma guerra tipo Somália ou Eritreia, ele apare em entrevista ao Mário Crespo ( quando vejo este só me lembro dos editoriais ridículos dele na "Capital" ... deve ser por isso... deve ser a dívida que o Balsemão está a pagar. Balsemão tem muitas dívidas... também não se percebe muito bem que tipo de dívida está a pagar à Maria João Avilez... más línguas. Enfim, outras houve cujo vencimento já ocorreu, infelizmente...)
A par destes aparecimentos "espontâneos" outras notícias acontecem, sem que os jornais, mesmo os da especialidade, comentem: por exemplo, Henrique Granadeiro vai ser proposto como novo presidente do Grupo Portugal Telecom. Além de parecer ridículo um presidente de tão importante grupo, cujo grosso do capital está na bolsa de Nova Yorque, não falar inglês, dá vontade de perguntar se ele, entretanto, vai devolver a choruda indemnização que a PT em tempos lhe deu.
Ou não vai, porque, entretanto, é igualmente assessor do BES?
E já que volto a falar do BES: a que propósito a imprensa afecta ao BES (toda ela) noticia que o substituto de Zenal Bava como CFO do Grupo PT vai ser Joaquim Goes, outro funcionário do BES?
Outra pergunta: porque é que Zenal Bava abandona o único pelouro para o qual está preparado - o financeiro ? Foi, finalmente, agarrado em alguma manobra perigosa, tipo ultrapassagem nas curvas, passagem por sobre traço contínuo...?
Ainda outra pergunta: porque é que sob a batuta de Zenal Bava o Grupo PT manobra outras empresas, nomeadamente cotadas na bolsa, como a Nova Base e a Pararede e outras, que apresentam propostas de estudos, propostas de fornecimentos, ganham a adjudicação ( a PT não é, como é legal, obrigada a concurso públicos) e depois não aparecem os estudos, nem os materiais e o dinheiro também desaparece, sem se saber para onde vai?
Voltemos ao BES e à sua superstar: então não é o dr. Ricardo Salgado que controla isto tudo? Será que ele está a "desnatar" o Grupo PT para o vender barato à Telefónica, ficando, ainda assim, com um pé no Grupo, nomeadamente nos projectos brasileiros?
Que mais perguntas nos poderá sugerir esta inesperada superstar da (baixa) finança portuguesa? Talvez esteja a preparar o seu regresso a Angola, onde a sua família foi, de facto, o retrato do mais miserável colonialismo que em nome de Portugal se praticou. Eduardo dos Santos, todavia, não se lembra e já deve ter transferido a sua conta pessoal do BCP para o BES.
Por último: o governo deste país não pode parar a sangria deste grande grupo económico e de outros, em nome do crescimento económico nacional e da criação de riqueza que nos tire das estatítiscas miseráveis em que chafurdamos?
Que fazer, agora que o sr. Silva vai ter que pagar as suas próprias dívidas ao dr. Salgado e a outros figurões da banca que não param de anunciar grandiosos lucros, feitos num país cujo povo está cada vez mais pobre?
O que é que eu posso perguntar mais?
Será que a democracia tem a virtualidade de mudar situações destas?
A Democracia do Voto
Terminei o texto anterior, com o título "Ricardo Salgado Super Star", com uma pergunta sobre se a democracia tem a virtualidade de resolver situações como a que retratei.
Vou mais longe, na caracterização da situação que vivemos: uma democracia formal, do ponto de vista político, em que os cidadãos são chamados, regularmente, a eleger vários órgãos representativos. Uma não democracia económica e uma não democracia social, com uma comunicação social bem pior daquela que existia nos tempos da ditadura.
As eleições são, de há uns largos tempos atrás, manipuladas descaradamente por uma comunicação social completamente comprada, servida por jornalistas de pacotilha, sem opinião e sem espinha dorsal.
De resto, nos últimos anos tem acontecido que, mesmo do ponto de vista formal, a democracia não corresponde porque os partidos concorrem com determinados programas e depois que ganham as eleições alteram tudo e fazem exactamente o contrário do que prometeram. O uso e abuso desta prática retira à democracia que nos governa qualquer dignidade e transforma-se numa espécie de jogo de "chicos espertos", onde cada um procura a melhor maneira de enganar o maior número de pessoas possível.
O mesmo jogo aconteceu com a eleição presidencial. Cavaco Silva aproveitou o facto de os portugueses estarem fartos de ser enganados pelos partidos e apresentou-se a votos dizendo o menos possível, mas deixando claro que não quer nada com os partidos, o que o levou a ser considerado como o presidente ideal.
Este jogo pode conduzir-nos à situação de os partidos políticos, afinal o esteio da afirmação da democracia política, passarem a ser considerados um mal em si mesmos.
E quem quererá tal coisa?
As forças que apoiaram Cavaco Silva e que não deram a cara, mas que são facilmente identificáveis: são aqueles que à sombra de reivindicações de democraccia política se foram assenhoreando da riqueza que o país produz, não para investir mas para entesourar e exportar, para aplicar em negócios menos claros e alguns bem sujos.
De reivindicação em reivindicação, de pressão em pressão foram tomando conta do poder político, retirando-lhe a possibilidade de desenvolver a democracia social e económica.
Hoje, em Portugal, o poder político está nas mãos de meia dúzia de ricaços - uns banqueiros, outros com passagem pela polítca nos tempos em que a Europa mandava dinheiro a rodos e o sr. Silva o foi distribuindo.
O poder político não tem sequer capacidade para mandar instaurar uma auditoria às contas das grandes empresas para tentar perceber para onde vai o dinheiro que ganham. E é muito. Todos os anos, as grandes empresas e os bancos anunciam aumentos extraordinários de lucros. Mas, todos os anos diminuem a capacidade de criação de emprego. Quanto a investimentos , apesar de algumas delas anunciarem que são os maiores investidores, ele não se vê. O país está cada vez mais pobre.
E o que faz o poder político? monta esquemas de perseguição às pequenas e às micro empresas, aos trabalhadores por conta de outrém, deixando os grandes impérios financeiros a coberto de qualquer problema, pagando impostos ridículos, sempre protegidos por benefícios e incentivos fiscais.
O poder político é, na verdade, um instrumento na mão dos muitos ricos, cujo dinheiro já não está sequer em Portugal e o que cá está não se movimenta.
A democracia que elege estes órgãos políticos está velha caduca, não serve os interersses da maioria, não serve os interesses do país.
Além de lacaios e "chicos espertos", esta democracia produz dirigentes arrogantes, teimosos, que fazem da pose "quero, posso e mando" um modelo de vida e se revelam incapazes de perceber esta necessidade absoluta: é preciso fazer os possíveis para fazer do dinheiro um instrumento de desenvolvimento e não um fim em si mesmo.
Em Portugal já não há investidores, há apenas especuladores financeiros, que estão interessados em acabar com a "instabilidade" das mudanças políticas, ainda que elas sejam apenas aparentes. Eles confiam em que o sr. Silva dê uma ajuda para concretizar os seus objectivos.
E, afinal, em Portugal tudo é possível: aturámos o Salazar durante 40 anos... Eu confesso que nunca integrei nenhuma "manifestação espontânea", mas garanto que elas existiram.

segunda-feira, maio 28, 2007

A Propósito...

Ainda bem, Rafael, que chegaste das duas longas semanas parisienses. Ao ler as tuas crónicas, lembrei-me que há muito não debitava nada para o nosso blog e confesso que já me estava a fazer falta.
Como vês por aqui nada de novo. A comunicação social à espera de um erro qualquer, assim como o Rafael Nadal à espera que o Federer atire a bola contra a rede, para dar um ar da sua graça.
Um ministro durante um almoço entusiasmou-se a explicar a um economista que lhe tinha posto uma questão, o embaraço da construção de um aeroporto que toda a gente quer, vá de zurzir...e temos um festival...
Mas...por outro lado, Kofy Hanan vem a Lisboa, senta-se no meio de dois tubarões, para falar da pobreza e da riqueza e ninguém na comunicação social lembra que a família Salgado foi responsável pela mais bárbara colonização em Angola, que Balsemão é o dono de mais de 50 por cento da comunicação social portuguesa e que ambos devem beneficiar de apoios do Estado que dariam para resolver grande parte do problema da fome em Portugal e noutros sítios.
Fala-se, entretanto nos investimentos do BES em Luanda: um prédio de 25 andares numa cidade onde se começa a despejar gente sem olhar a meios.
O BES poderia, por exemplo, criar condições de desenvolvimento lá para o Norte, onde em tempos a família Salgado deteve as maiores plantações de algodão e café, trabalhadas pelos tais contratados de que o MPLA nunca deixou de falar, mesmo depois de eles já não existirem.
Sim...o BES poderia tentar reabilitar a família do tal massacre de Cassange. Mas, em vez disso, o que é que faz? constrói prédios, cria bancos, ajuda a elite angolana a recolonizar os angolanos.
Porque é disso que se trata; em Angola, como noutros países africanos, a maioria, diria eu, está a assistir-se não ao tão temido processo de neo-colonização, mas a uma verdadeira colonização levada a cabo pelas respectivas elites que, ajudadas pelos agora grandes investidores, ganharam a capacidade para levar a cabo tal processo roubando os respectivos povos.
Alguém denuncia isto?
Alguém pergunta por que razão, ou razões a filha mais velha do presidente da República de Angola, Isabel Santos,é sócia de quase todas as grandes empresas angolanas e aparece agora como sócia de um banco em Portugal?
Kofy Hanan veio a Lisboa confraternizar com os aliados dos novos colonos, não escapando também ele à classificação, e falar da necessidade de distribuir melhor a riqueza...
Vê-lo entre Balsemão e Salgado, com este discurso, até dá vontade de chorar...

DOIS DA ÚLTIMA

Perdi-me.Falei do Estádio e do aeroporto e esqueci-me do que queria contar. Só falei, não disse nada. Acontece. Vocês sabem: é dos desgosto da vida!
Aquilo das finais da Taça ser obrigado a mote não é verdade. Nem vício lusitano. Em Wembley joga-se a final das finais de taça, a fina flor delas, queria dizer. Em França era no Parque dos coisos e acho que ainda é. Por cá, que me lembre, era nas Salésias, em Belém. Dizia-se campo, como se dizia «campo grande», o do Benfica, que era, na triste realidade, «campo 28 de Maio».E o Benfica nem podia, claro, ser vermelho, quanto muito «encarnado». Mas o futebol tinha algo de magia. Vocês não se dão conta, do que era o futebol,naqueles campos carecas do antigamente.Um antigamente menos antigo do que pode parecer. Campos arrelvados só foi obrigatória, entre nós, a partir dos anos 79.
Foi em 55 que o Benfica quebrou a hegemonia leonina, com Otto Glória ao comando. Mas isto é só meia verdade. Era o Belenenses que devia ter ganho esse campeonato. Perdeu-o, frente ao Sporting, no último dia do campeonato, a seis minutos do fim, quando os adeptos azuis faziam troar no ar chicotes, perdão foguetes, e Martins empatou nas Salésias, oferecendo o campeonato ao Benfica.
Foi o fim de uma era. Até então o futebol português dispunha de quatro grandes.O Porto, então,obscurecido, ergueu-se e, caramba!, ainda não parou...
Mas foi justamente o Estádio Nacional, que o antigo regime nos deixou, que registou a nova era: o poder no Norte.
Até então FPF era uma sigla lisbonense. O poder ao Sul. Devia acontecer a final da Taça, no Estádio do costume.E que final: Porto-Benfica! Mas não houve.Foi a primeira e acho que única que não se realizou. Concretizou-se no início da época seguinte, mas... nas Antas. Por acaso o Benfica ganhou, mas não teve importância, o importante é que algo começava aí: A era dos Pintos ou o declínio do império do sul, como queiram! O controlo da hierarquia mudou de mãos e de rumo. A tentativa posterior de criar a Liga, fora da Federação falhou. O controlo manteve-se até aos nossos dias.
E foi preciso gritar ao da guarda,para travar uns excessos.
Mas quando se avança pelas auto-estradas,quando é de aeroportos que fala,percebemos que o futebol, afinal, é só bola e que apitos dourados hão-de brilhar, seja qual for a margem do Tejo...

BATER NO MOLHADO

De vez em quando os ditos orgãos de comunicação social gostam de vir atrás rememorar.Como dispõem de limites apertados de tempo relembram pouco e por vezes mal.
Vi o Estádio Nacional, a propósito do final da taça e aproveitou-se para criticar um estádio que só serve para um jogo por época. E se tinham matéria para agitar as artes!
O Estádio da Cruz Quebrada data, creio eu, de l944, quando o Estado Novo dispunha
de um ministro das Obras Públicas levado da breca. O aeroporto da Portela era ainda novo, mas já existia. Tinham em comum a notável ausência de acessibilidades. Para se ir ao Estádio, aquando da inauguração, o comboio da linha do Estoril deixava-nos na estação da Cruz Quebrada, que também servia a praia, bastante frequentada. Dali ao Estádio ia-se a pé. Os eléctricos também se imobilizavam no termo da carreira, já fora dos limites da cidade, o que onerava o trajecto em dois tostões de vassalagem a outra câmara municipal. Ao desvio do comboio faltava acabar um pedaço de estação, tal como aos eléctricos, que iriam depois até ao largo fronteiro à estação, ainda distantes do Estádio. Autocarros não os havia e auto-estradas ainda menos. Se bem que para o Estádio estava a ser construida um desses luxos. Faltava era acabar o viaduto por cima de Alcântara...
Nesse 10 de Junho iniciava-se a Taça Império. Que devia opor o campeão nacional ao vencedor da taça de Portugal. Logo havia que arranjar coisa maior e, que Diabo!, um império tinha que servir para alguma coisa! Sporting-Benfica. Os lagartos haviam ganho o campeonato e o Benfica vencera o Estoril, ainda da segunda divisão, nas Salésias. Só lá para os anos setenta a Taça incluiria equipas africanas.
A inauguração propriamente dita teve o seu aparato aparatoso, com muitos meninos a fazer ginástica e fizeram tanta que o jogo começou já ao fim da tarde. Terminou empatado e fez-se a meia hora suplementar, praticamente às escuras. Estádios iluminados não se conhecia. O Sporting ganhou.
Com o aeroporto era quase o mesmo. Não se podia lá ir. O eléctrico mais próximo ficava no Areeiro; autocarros, já disse, não havia. Só chegaram uns dois ou três anos depois da guerra. Só de taxi é que lá se chegava. Gente com carro era pouca. Para se ir espreitar o aeroporto à Portela tinha que se marchar um bom pedaço. Só ao domingo ou nas férias! E ninguém perguntava pelas auto-estradas.
Em boa e honesta verdade o ministro não tem razão, no que toca à margem esquerda. Claro que tem auto-estrada. Experimente fazer um aeródromo junto de Setúbal. Tem tudo lá. Até tem casino e hoteis constelados à brava, em Troia, onde já têm um festival de cinema tão bom como o de Cannes. Cheio de vantagens. Se um tipo se descuida por ir muito depressa, não faz mal,logo que chegue a Faro tem outro aeroporto, rodeado de hoteis supra-sumo.
Na Ota não! É um deserto. Até ao Porto não há nada que se veja, a não ser saloios.Em Troia, pois! Imagine-se criar um centro cultural, onde se pudesse ler e escutar as anedotas do Bocage!
Em todo o caso, se querem vender, porque é a vender que se amealha, a Ota, eu ajudo. Sócrates só tem que fazer uma ameaça: Ou a Ota ou este ministro das O.P. nunca mais sai...

sábado, maio 26, 2007

VOLTA QUE NÃO VOLTA

Habitualmente volto e, em geral, nem me demoro muito. Desta feita fui por quinze dias. Passei por Espanha, à ida e à volta,patinhei mais por aqui, mais por ali, até Paris. Ganhei hábitos burgueses, como o de jantar no casino de S.Jean-de-Luz, menu simpático e acessível!
Sarkosy vinha de ganhar as eleições. Para a Informação em geral era uma festa generalizada: tudo a zurzir no vencedor e, vá lá, também na oposição.Passados uns dias de algum espanto percebe-se que a Informação, sobretudo a escrita, não se vende se não for o maldizer. Quando cheguei a Paris já o novo presidente estava empossado,o Lyon campeão e Segolene prestes a ser dispensada.
Antes de sair de Lisboa tinha achado graça à graçola do ministro engenheiro e não fazia ideia de que viria a ser explorada de maneira manhosa.Durante as duas semanas que estive ausente o erro, quanto a mim, foi o ministro ficar à minha espera para «explicar-se» de maneira tão desastrada. Tudo o que ele teria para dizer, e já seria muito, era: meus ricos, deputado ou afim que não sabe rir-se duma piada ou é tolo ou não tem arte. A imagem que se repetiu era a de um ministro bem disposto e a sorrir ele próprio da gracinha. Aparecer a mastigar desculpas perdeu a graça e ficou com o ridículo todo para ele próprio. Bom, pior foi para o prof.que ficou sem cadeira e para a hierarquia supostamente culta, mas assumidamente moscovita. Valeu o primeiro-ministro, que lavou as mãos ao dizer um iluminado não sei/ não vi/ não 'tava lá!
Sócrates tem carregado com indulgente paciência alguns ministros, dos dois sexos, pouco iluminados e bastante infelizes, mas vê-lo dispensar justamente um dos mais sólidos e equilibrados por mór da Câmara de Lisboa dá que pensar. Fica-se com a ideia de que ele não precisa de ministros para nada.E se calhar não precisa. Mas, neste caso, devia mandar uma das ministras para a junta de freguesia da Malveira e o ministro dos aeroportos tratar das pontes de Trás-os-Montes. Sem António Costa no governo, Sócrates vai ficar mais fragilizado ante o residente em Belém.
Ver-se-á. Em Julho volto ao norte, tranquilamente de carro, e espero levar novidades...

quinta-feira, maio 03, 2007

EUROSICES

A expressão «todos iguais/todos diferentes» já não é nova, mas enquadra-se divinamente no conceito da UE. Todos temos os mesmos direitos, mas os alemães, os nórdicos, os ingleses ou franceses, sem esquecer os espanhóis e outros europeus, ganham melhores salários, auferem melhores pensões de reforma, que os portugueses.
Mas as semelhanças existem. Ontem, por exemplo diverti-me, a assistir ao frente-a-frente Sarko-Sego. Politicamente incorrectos,os candidatos procuravam jogar a imagem, não tanto por uma questão de postura e de domínio dos dossiers, mas de condição. A guerra dos sexos estende-se cada vez mais, mas de cada vez que surge gera perplexidade.
Sarkosy contido; Segolene disposta a não se conter. Talvez tenha exagerado. Não por zurzir no oponente. Isso era o que se esperava dela, mas por prometer demais. Ò, rica, de promessas está o mundo cheio e o povo já se habituou a desconfiar.
Claro que mulheres na política não é novidade.Golda Meir surgiu de rompante em Israel. Claro que impressionou pela sua firmeza. Mas que podia ela fazer se Israel estava rodeado de hostilidade? Claro que como mulher confundia o sistema. E como entender isto melhor se não lembrando a graçola: «Sabes porque é que Golda Meir usa saias compridas? Para não se lhe verem os colhões!»...
Mais do que ordinarice entendia-se como um lampejo de machismo resssentido!
E a «dama de ferro», na Inglaterra, alguém se esqueceu dela, ao cabo destes anos todos? Também ela teve de pegar em armas!
Foi acontecendo um pouco por todo o lado.Por cá, tivemos Lurdes Pintasilgo, que entrou pela mão de Eanes e que acabaria por salvar Mário Soares, ao dividir os votos da esquerda dura com Salgado Zenha, então apoiado pelo PC...
Em todo o caso foi melhor assistir a este frente-a-frente do que a alguns do passado.
Da última vez não houve, porque Chirac não aceitou sentar-se diante de Le Pen. Não era preciso para resolver nada e o Presidente livrava-se de ter que aturar diatribes sobre subsídios camarários «do antigamente», que sempre vinham à baila em períodos eleitorais. Houve alguns decisivos, entre os quais o de 74, que salvou Giscard, frente a Mitterrand!
Da vez seguinte o presidente ficou isolado, à direita, e para aceitar um «frente-a-frente» Mitterrand impôs uma porção de condições e de condicionalismos para o debate.
Com sucesso! Ganhou o debate e venceu as eleições.
Chirac haveria de pagar a maldade, quando chegou a sua vez de se enfrentar com Mitterrand.
Desta feita, temia-se a imagem de um casal desavindo ir gritar para a Televisão, E não foi assim.Ainda que tenha sobrado a ideia de que ambos, contidos, tenham optado por mandar recados aos jornalistas, mais do que tentado influenciar os que votam; como se deixassem à imprensa o encargo de fazer promoção política. As promessas, mesmo partindo de uma senhora bonita, quando excessivas dão que pensar. Algum matreirismo sarkosiano aligeirou o debate. A imagem de um polícia repressivo que Segolene quis sublinhar do seu adversário é uma arma de arremesso perigosa. Depende aonde vai acertar. Há muita gente que vive aterrorizada nos bairros periféricos de Paris e outras grandes cidades,para quem um polícia, preferencialmente duro, é uma necessidade primária...
A juventude pende mais para o romantismo, indiferente à causa, ainda que seja a sua.Porque,se algo de errado acontecer será sobre ela, a juventude, que tombará o pior das consequências. Seja como for, é para isso que se vota: para pagar a factura...