Em Janeiro d2 2006 escrevi neste blog dois textos com os títulos "Ricardo Salgado Super Star e "A Democracia do Voto".
A propósito do texto que inseri ontem com o títtulo "A propósito", resolvi recuperar esses dois textos, anotando especialpente que o primeiro tem 53 comentários, que vão sendo colocados de tempos a tempos e que parecem mensagens de um louco ou de um grupo que aproveitou o texto para trocar mensagens cifradas entre si. Não deixa de ser curioso.
Ricardo Salgado Super Star
Desde que apareceram as notícias que implicam o BES (Banco Espírito Santo) em movimentos estranhos, com cofres nas casas dos funcionários, cheios de dinheiro, mas sem acesso pelos putativos donos, Ricardo Salgado virou vedeta da televisão, da Rádio e (quem sabe?) da cassete pirata.
Ele aparece em festas sociais, ele aparece na televisão a explicar qualquer coisa inexplicávcel,ele aparece a apresentar a nova imagem do BES, imaginada e montada em tempo recorde - para apagar a que existe nos arquivos da Judiciária.
Ele fez as pazes com o Balsemão, depois de uma guerra tipo Somália ou Eritreia, ele apare em entrevista ao Mário Crespo ( quando vejo este só me lembro dos editoriais ridículos dele na "Capital" ... deve ser por isso... deve ser a dívida que o Balsemão está a pagar. Balsemão tem muitas dívidas... também não se percebe muito bem que tipo de dívida está a pagar à Maria João Avilez... más línguas. Enfim, outras houve cujo vencimento já ocorreu, infelizmente...)
A par destes aparecimentos "espontâneos" outras notícias acontecem, sem que os jornais, mesmo os da especialidade, comentem: por exemplo, Henrique Granadeiro vai ser proposto como novo presidente do Grupo Portugal Telecom. Além de parecer ridículo um presidente de tão importante grupo, cujo grosso do capital está na bolsa de Nova Yorque, não falar inglês, dá vontade de perguntar se ele, entretanto, vai devolver a choruda indemnização que a PT em tempos lhe deu.
Ou não vai, porque, entretanto, é igualmente assessor do BES?
E já que volto a falar do BES: a que propósito a imprensa afecta ao BES (toda ela) noticia que o substituto de Zenal Bava como CFO do Grupo PT vai ser Joaquim Goes, outro funcionário do BES?
Outra pergunta: porque é que Zenal Bava abandona o único pelouro para o qual está preparado - o financeiro ? Foi, finalmente, agarrado em alguma manobra perigosa, tipo ultrapassagem nas curvas, passagem por sobre traço contínuo...?
Ainda outra pergunta: porque é que sob a batuta de Zenal Bava o Grupo PT manobra outras empresas, nomeadamente cotadas na bolsa, como a Nova Base e a Pararede e outras, que apresentam propostas de estudos, propostas de fornecimentos, ganham a adjudicação ( a PT não é, como é legal, obrigada a concurso públicos) e depois não aparecem os estudos, nem os materiais e o dinheiro também desaparece, sem se saber para onde vai?
Voltemos ao BES e à sua superstar: então não é o dr. Ricardo Salgado que controla isto tudo? Será que ele está a "desnatar" o Grupo PT para o vender barato à Telefónica, ficando, ainda assim, com um pé no Grupo, nomeadamente nos projectos brasileiros?
Que mais perguntas nos poderá sugerir esta inesperada superstar da (baixa) finança portuguesa? Talvez esteja a preparar o seu regresso a Angola, onde a sua família foi, de facto, o retrato do mais miserável colonialismo que em nome de Portugal se praticou. Eduardo dos Santos, todavia, não se lembra e já deve ter transferido a sua conta pessoal do BCP para o BES.
Por último: o governo deste país não pode parar a sangria deste grande grupo económico e de outros, em nome do crescimento económico nacional e da criação de riqueza que nos tire das estatítiscas miseráveis em que chafurdamos?
Que fazer, agora que o sr. Silva vai ter que pagar as suas próprias dívidas ao dr. Salgado e a outros figurões da banca que não param de anunciar grandiosos lucros, feitos num país cujo povo está cada vez mais pobre?
O que é que eu posso perguntar mais?
Será que a democracia tem a virtualidade de mudar situações destas?
Ele aparece em festas sociais, ele aparece na televisão a explicar qualquer coisa inexplicávcel,ele aparece a apresentar a nova imagem do BES, imaginada e montada em tempo recorde - para apagar a que existe nos arquivos da Judiciária.
Ele fez as pazes com o Balsemão, depois de uma guerra tipo Somália ou Eritreia, ele apare em entrevista ao Mário Crespo ( quando vejo este só me lembro dos editoriais ridículos dele na "Capital" ... deve ser por isso... deve ser a dívida que o Balsemão está a pagar. Balsemão tem muitas dívidas... também não se percebe muito bem que tipo de dívida está a pagar à Maria João Avilez... más línguas. Enfim, outras houve cujo vencimento já ocorreu, infelizmente...)
A par destes aparecimentos "espontâneos" outras notícias acontecem, sem que os jornais, mesmo os da especialidade, comentem: por exemplo, Henrique Granadeiro vai ser proposto como novo presidente do Grupo Portugal Telecom. Além de parecer ridículo um presidente de tão importante grupo, cujo grosso do capital está na bolsa de Nova Yorque, não falar inglês, dá vontade de perguntar se ele, entretanto, vai devolver a choruda indemnização que a PT em tempos lhe deu.
Ou não vai, porque, entretanto, é igualmente assessor do BES?
E já que volto a falar do BES: a que propósito a imprensa afecta ao BES (toda ela) noticia que o substituto de Zenal Bava como CFO do Grupo PT vai ser Joaquim Goes, outro funcionário do BES?
Outra pergunta: porque é que Zenal Bava abandona o único pelouro para o qual está preparado - o financeiro ? Foi, finalmente, agarrado em alguma manobra perigosa, tipo ultrapassagem nas curvas, passagem por sobre traço contínuo...?
Ainda outra pergunta: porque é que sob a batuta de Zenal Bava o Grupo PT manobra outras empresas, nomeadamente cotadas na bolsa, como a Nova Base e a Pararede e outras, que apresentam propostas de estudos, propostas de fornecimentos, ganham a adjudicação ( a PT não é, como é legal, obrigada a concurso públicos) e depois não aparecem os estudos, nem os materiais e o dinheiro também desaparece, sem se saber para onde vai?
Voltemos ao BES e à sua superstar: então não é o dr. Ricardo Salgado que controla isto tudo? Será que ele está a "desnatar" o Grupo PT para o vender barato à Telefónica, ficando, ainda assim, com um pé no Grupo, nomeadamente nos projectos brasileiros?
Que mais perguntas nos poderá sugerir esta inesperada superstar da (baixa) finança portuguesa? Talvez esteja a preparar o seu regresso a Angola, onde a sua família foi, de facto, o retrato do mais miserável colonialismo que em nome de Portugal se praticou. Eduardo dos Santos, todavia, não se lembra e já deve ter transferido a sua conta pessoal do BCP para o BES.
Por último: o governo deste país não pode parar a sangria deste grande grupo económico e de outros, em nome do crescimento económico nacional e da criação de riqueza que nos tire das estatítiscas miseráveis em que chafurdamos?
Que fazer, agora que o sr. Silva vai ter que pagar as suas próprias dívidas ao dr. Salgado e a outros figurões da banca que não param de anunciar grandiosos lucros, feitos num país cujo povo está cada vez mais pobre?
O que é que eu posso perguntar mais?
Será que a democracia tem a virtualidade de mudar situações destas?
A Democracia do Voto
Terminei o texto anterior, com o título "Ricardo Salgado Super Star", com uma pergunta sobre se a democracia tem a virtualidade de resolver situações como a que retratei.
Vou mais longe, na caracterização da situação que vivemos: uma democracia formal, do ponto de vista político, em que os cidadãos são chamados, regularmente, a eleger vários órgãos representativos. Uma não democracia económica e uma não democracia social, com uma comunicação social bem pior daquela que existia nos tempos da ditadura.
As eleições são, de há uns largos tempos atrás, manipuladas descaradamente por uma comunicação social completamente comprada, servida por jornalistas de pacotilha, sem opinião e sem espinha dorsal.
De resto, nos últimos anos tem acontecido que, mesmo do ponto de vista formal, a democracia não corresponde porque os partidos concorrem com determinados programas e depois que ganham as eleições alteram tudo e fazem exactamente o contrário do que prometeram. O uso e abuso desta prática retira à democracia que nos governa qualquer dignidade e transforma-se numa espécie de jogo de "chicos espertos", onde cada um procura a melhor maneira de enganar o maior número de pessoas possível.
O mesmo jogo aconteceu com a eleição presidencial. Cavaco Silva aproveitou o facto de os portugueses estarem fartos de ser enganados pelos partidos e apresentou-se a votos dizendo o menos possível, mas deixando claro que não quer nada com os partidos, o que o levou a ser considerado como o presidente ideal.
Este jogo pode conduzir-nos à situação de os partidos políticos, afinal o esteio da afirmação da democracia política, passarem a ser considerados um mal em si mesmos.
E quem quererá tal coisa?
As forças que apoiaram Cavaco Silva e que não deram a cara, mas que são facilmente identificáveis: são aqueles que à sombra de reivindicações de democraccia política se foram assenhoreando da riqueza que o país produz, não para investir mas para entesourar e exportar, para aplicar em negócios menos claros e alguns bem sujos.
De reivindicação em reivindicação, de pressão em pressão foram tomando conta do poder político, retirando-lhe a possibilidade de desenvolver a democracia social e económica.
Hoje, em Portugal, o poder político está nas mãos de meia dúzia de ricaços - uns banqueiros, outros com passagem pela polítca nos tempos em que a Europa mandava dinheiro a rodos e o sr. Silva o foi distribuindo.
O poder político não tem sequer capacidade para mandar instaurar uma auditoria às contas das grandes empresas para tentar perceber para onde vai o dinheiro que ganham. E é muito. Todos os anos, as grandes empresas e os bancos anunciam aumentos extraordinários de lucros. Mas, todos os anos diminuem a capacidade de criação de emprego. Quanto a investimentos , apesar de algumas delas anunciarem que são os maiores investidores, ele não se vê. O país está cada vez mais pobre.
E o que faz o poder político? monta esquemas de perseguição às pequenas e às micro empresas, aos trabalhadores por conta de outrém, deixando os grandes impérios financeiros a coberto de qualquer problema, pagando impostos ridículos, sempre protegidos por benefícios e incentivos fiscais.
O poder político é, na verdade, um instrumento na mão dos muitos ricos, cujo dinheiro já não está sequer em Portugal e o que cá está não se movimenta.
A democracia que elege estes órgãos políticos está velha caduca, não serve os interersses da maioria, não serve os interesses do país.
Além de lacaios e "chicos espertos", esta democracia produz dirigentes arrogantes, teimosos, que fazem da pose "quero, posso e mando" um modelo de vida e se revelam incapazes de perceber esta necessidade absoluta: é preciso fazer os possíveis para fazer do dinheiro um instrumento de desenvolvimento e não um fim em si mesmo.
Em Portugal já não há investidores, há apenas especuladores financeiros, que estão interessados em acabar com a "instabilidade" das mudanças políticas, ainda que elas sejam apenas aparentes. Eles confiam em que o sr. Silva dê uma ajuda para concretizar os seus objectivos.
E, afinal, em Portugal tudo é possível: aturámos o Salazar durante 40 anos... Eu confesso que nunca integrei nenhuma "manifestação espontânea", mas garanto que elas existiram.
Vou mais longe, na caracterização da situação que vivemos: uma democracia formal, do ponto de vista político, em que os cidadãos são chamados, regularmente, a eleger vários órgãos representativos. Uma não democracia económica e uma não democracia social, com uma comunicação social bem pior daquela que existia nos tempos da ditadura.
As eleições são, de há uns largos tempos atrás, manipuladas descaradamente por uma comunicação social completamente comprada, servida por jornalistas de pacotilha, sem opinião e sem espinha dorsal.
De resto, nos últimos anos tem acontecido que, mesmo do ponto de vista formal, a democracia não corresponde porque os partidos concorrem com determinados programas e depois que ganham as eleições alteram tudo e fazem exactamente o contrário do que prometeram. O uso e abuso desta prática retira à democracia que nos governa qualquer dignidade e transforma-se numa espécie de jogo de "chicos espertos", onde cada um procura a melhor maneira de enganar o maior número de pessoas possível.
O mesmo jogo aconteceu com a eleição presidencial. Cavaco Silva aproveitou o facto de os portugueses estarem fartos de ser enganados pelos partidos e apresentou-se a votos dizendo o menos possível, mas deixando claro que não quer nada com os partidos, o que o levou a ser considerado como o presidente ideal.
Este jogo pode conduzir-nos à situação de os partidos políticos, afinal o esteio da afirmação da democracia política, passarem a ser considerados um mal em si mesmos.
E quem quererá tal coisa?
As forças que apoiaram Cavaco Silva e que não deram a cara, mas que são facilmente identificáveis: são aqueles que à sombra de reivindicações de democraccia política se foram assenhoreando da riqueza que o país produz, não para investir mas para entesourar e exportar, para aplicar em negócios menos claros e alguns bem sujos.
De reivindicação em reivindicação, de pressão em pressão foram tomando conta do poder político, retirando-lhe a possibilidade de desenvolver a democracia social e económica.
Hoje, em Portugal, o poder político está nas mãos de meia dúzia de ricaços - uns banqueiros, outros com passagem pela polítca nos tempos em que a Europa mandava dinheiro a rodos e o sr. Silva o foi distribuindo.
O poder político não tem sequer capacidade para mandar instaurar uma auditoria às contas das grandes empresas para tentar perceber para onde vai o dinheiro que ganham. E é muito. Todos os anos, as grandes empresas e os bancos anunciam aumentos extraordinários de lucros. Mas, todos os anos diminuem a capacidade de criação de emprego. Quanto a investimentos , apesar de algumas delas anunciarem que são os maiores investidores, ele não se vê. O país está cada vez mais pobre.
E o que faz o poder político? monta esquemas de perseguição às pequenas e às micro empresas, aos trabalhadores por conta de outrém, deixando os grandes impérios financeiros a coberto de qualquer problema, pagando impostos ridículos, sempre protegidos por benefícios e incentivos fiscais.
O poder político é, na verdade, um instrumento na mão dos muitos ricos, cujo dinheiro já não está sequer em Portugal e o que cá está não se movimenta.
A democracia que elege estes órgãos políticos está velha caduca, não serve os interersses da maioria, não serve os interesses do país.
Além de lacaios e "chicos espertos", esta democracia produz dirigentes arrogantes, teimosos, que fazem da pose "quero, posso e mando" um modelo de vida e se revelam incapazes de perceber esta necessidade absoluta: é preciso fazer os possíveis para fazer do dinheiro um instrumento de desenvolvimento e não um fim em si mesmo.
Em Portugal já não há investidores, há apenas especuladores financeiros, que estão interessados em acabar com a "instabilidade" das mudanças políticas, ainda que elas sejam apenas aparentes. Eles confiam em que o sr. Silva dê uma ajuda para concretizar os seus objectivos.
E, afinal, em Portugal tudo é possível: aturámos o Salazar durante 40 anos... Eu confesso que nunca integrei nenhuma "manifestação espontânea", mas garanto que elas existiram.
1 comentário:
parabéns pelo filhote, que atingiu os 30 : 0 )
beijo grande
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