sexta-feira, janeiro 11, 2008

IDA E VOLTA

...Se há ar e ar
há ir e voltar...

Caiu a Ota, viva Alcochete. Não vejo que seja tão simples como isso. Se Alcochete é melhor que a Ota,não é seguro que não exista outro espaço melhor adequado e mais em conta, sei lá, em Paio Pires ou Aljubarrota. Olhando em volta fica a ideia de que Cavaco deu uma mãozinha a Sócrates para que este pudesse desmarcar-se do propósito de Cravinho, anunciado por Gueterres. Resta agora uma outra questão: a Portela? Fica ou não fica?
Esta não é ainda uma questão. É um devaneio. Desde que o governo de Guterres anunciou a Ota, saí em defesa da Portela. Ainda ninguém me convenceu no ganho da troca. O actual aeroporto lisboeta já será exíguo, aceito,mas isso não é defeito. Arrange-se outro e escale-se o tráfego.Em Paris fizeram o C. De Gaulle mas não destruiram Orly.Por acaso até o alargaram, mas isso não interessa. Ainda dispõem de um terceiro para mercadorias, E Londres? Tem tantos que lhes perdi a conta.
Orly fecha à noite, decerto para não chatear os que não gostam de aeroportos à porta de casa, quando lhes chega o sono.
Uma parte da comunidade europeia devia achar simpático poder descer na Portela de manhã e zarpar antes do jantar. Depois a Portela que fechasse a luz e adormecesse.
A Ota ou Alcochete,mais maneirinhos, que aturassem os das jantaradas ou de horizontes longinquos.E quando o segundo ficasse curto montava-se o terceiro, não sei onde, talvez em Badajoz,para apoio de grávidas parturiáveis. Sempre se poupava nas ambulâncias.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

O Todo e a Parte

A arte fascista faz mal à vista - disseram os entusiastas do anti-fascismo, a festejar a revolução de Abril, enquanto destroçavam obras demoníacas de autores até então acomodados ao regime paternalista. Daí em diante a arte deveria passar a ser obrigada a mote.
No Ensino, a educação moral e cívica fechou-se para obras. Que bom!,que bom! Pena que o mais no Ensino tenha caminhado como caminhou e descambado no que descambou!
Hoje, o fascismo volta a andar por aí.No «DN», Batista Bastos não acredita «que Sócrates seja fascista. Mas que o fascismo andar por aí...»
As reticências valem o que valem. O cronista que tem muitos anos disto tentava, creio eu, pôr alguma contenção na crónica de António Barreto («Público») ao encostá-lo ao de leve a Pacheco Pereira, a propósito da «tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder» que, na sua - deles óptica, manifesta o Executivo.
Por muito respeito e simpatia que nutro pelo cronista não me inibo de recordar que o fascismo não é uma coisa,ponto final, parágrafo. É a soma dos fascistas! Sem fascistas não há fascismo!
Com toda a moderação moderada recorro à poesia alheia de forma aldrabada:
fascistas são eles todos ou ainda menos/ fascistas são eles todos desde pequenos!
E, deste modo, não se deixa Sócrates isolado. Ele sózinho não faz a Primavera.
Fez-se engenheiro. E montou um governo engenhoso.
Não, não senhor, o poeta não explicitava fascistas,bolia de burgueses.
De burgueses acomodados ou subjugados. De um tempo em que a Censura fechava às três da manhã, mas conservava a liberdade de expressão fechada a sete chaves. Os censores
sabiam, tanto ou mais que os ministros, que os burgueses da poesia eram fascistas e os fascistas propriamente ditos eram eles e os que mandavam, neles e no resto, enquanto nós ficavamos à espera da nossa vez de vir a ser ou de ficar.
É bom saber e bom lembrar que alguns dos que ficaram eram gente e gente que fez História, porque há sempre alguém que resiste...
Pois, pois, isso era dantes, como quando o QG era em Abrantes!
Agora, em democracia, já podemos ser burgueses, malteses e, às vezes, um fascismozinho desenfreado,praticado, é bom de ver, por democratas congénitos ou pior que isso.
Pacheco chegou à miséria no Estado Novo, a que sobreviveu como é sabido na democracia reinante.No passado sombrio comia o pão que o bom Diabo amassava.Mas, depois,no País reencontrado não teve dentes para saborear o pão para Deus, nem as nozes Dele.
Pudesse o defunto espreitar, enquanto ardia, e decerto estremecer de ternura ante tanto palhaço, tanto acrobata, aos pulos e aos pinotes, a botar no ar radialeiro, televiseiro ou afins as imprescindíveis chicotadas no charco.