Nem é sequer a propósito do livro do esposo da esposa e menos ainda do esperançoso treinador das esperanças perdidas. É simplesmente a propósito de direitos e de liberdades. Ocorreu-me que a filha de madame Curie, que também teve o seu prémio Nobel, foi juntamente com duas outras senhoras, titular de uma pasta ministerial. Integrou o governo, se a memória não me trai, de Leon-Blum. No entanto as senhoras puderam pertencer ao governo, por acaso de esquerda, mas não podiam votar: não tinham direito. Esse direito, creio eu, viria a ser concedido por De Gaule, já depois da segunda guerra mundial.
A liberdade de escolha é suposta ser também um direito, mas não garanto. Um cidadão, desde que se disponha a pagar o preço, pode matar o próximo. É livre de o fazer com violência ou com piedosa suavidade. Pode violentar criancinhas ou idosos, trucidar deficientes, com requintes de malvadez. Alguns, que eu sei, mataram a própria mãe ou optaram por desfazer-se do presumível pai. Podem beber demais e conduzir na broa.
Seja qual for o crime livremente escolhido, a sua prática concede-lhe o direito a julgamento
justo. O Estado deve propiciar-lhe cama, mesa e roupa lavada a que tem direito. Manda o humanismo que se disponha de televisão no refeitório; que se possa assistir ao mundial de futebol.
Que direitos tem uma vítima? Funeral decente? Missa do sétimo dia? Como se compensa uma mãe a quem mataram um filho?
É proíbido fumar? Não! Claro que não! Pode-se fumar desde que não se incomode o próximo. Mas o tabaco mata, faz mal à saúde, de quem fuma e de quantos se abeiram do fumador ou quando o fumador se abeira deles. O que faz mal é o tabaco. Mas o tabaco continua a fazer-se e a vender-se. Como a velocidade: não se pode conduzir a mais de 120, mas os carros vêm de fábrica mais possantes e matam mais depressa que o tabaco, mais depressa que o alcool.
Quando um governo quer mais farmácias e menos maternidades está a exercer um direito: o direito de lixar a vida aos cidadãos: Por haver mais farmácias não haverá mais doentes, nem se vão vender mais remédios. No antigamente, que bem me lembro, as mães tinham os filhos em casa e tratavam de interromper os descuidos no alojamento das parteiras. Não se trata de pregar moral: era assim. Deixou de ser. Agora também. Ir a Espanha ter filhos não é nada de outro mundo, já para lá se patinhou por razões inversas. As coisas são como são: os governos
governam com a legitimidade que lhes é devida e os cidadãos são livres de pagar as consequências...
Nem era de consequências que desejava tratar. Quantas vezes na melhor das intenções se dizem inconveniêncis? Não é por causa das selecções perderem que o futebol deixa de andar para a frente. Para a frente do Benfica vem o Rui Costa e ninguém perguntou a Pinto da Costa se ele ficou satisfeito. Os clubes são livres de ficar a dever e é manifesto que têm o direito de não pagar seja qual for a cor do apito. Um Benfica forte é o que se quer. O Rui já cá está e amanhã vão ficar a saber do melhor: com vista ao futuro os dirigentes encarnados não olham a sacrifícios e vão anunciar a contratação dos esperançosos Costacurta e Maldini para a defesa, porque a defesa é o melhor ataquer.
Liberdade não é só matar ou estropiar é também o direito a ser enganado, enquanto sonha alto.
Como se pode pensar em crianças ou no bem estar delas se os adultos são o que são? Se a Justiça é o que é? Se as coisas são o que são? Se os valores valem o que valem e cada vez valem menos?
Fico por aqui. É um direito que me assiste...
A liberdade de escolha é suposta ser também um direito, mas não garanto. Um cidadão, desde que se disponha a pagar o preço, pode matar o próximo. É livre de o fazer com violência ou com piedosa suavidade. Pode violentar criancinhas ou idosos, trucidar deficientes, com requintes de malvadez. Alguns, que eu sei, mataram a própria mãe ou optaram por desfazer-se do presumível pai. Podem beber demais e conduzir na broa.
Seja qual for o crime livremente escolhido, a sua prática concede-lhe o direito a julgamento
justo. O Estado deve propiciar-lhe cama, mesa e roupa lavada a que tem direito. Manda o humanismo que se disponha de televisão no refeitório; que se possa assistir ao mundial de futebol.
Que direitos tem uma vítima? Funeral decente? Missa do sétimo dia? Como se compensa uma mãe a quem mataram um filho?
É proíbido fumar? Não! Claro que não! Pode-se fumar desde que não se incomode o próximo. Mas o tabaco mata, faz mal à saúde, de quem fuma e de quantos se abeiram do fumador ou quando o fumador se abeira deles. O que faz mal é o tabaco. Mas o tabaco continua a fazer-se e a vender-se. Como a velocidade: não se pode conduzir a mais de 120, mas os carros vêm de fábrica mais possantes e matam mais depressa que o tabaco, mais depressa que o alcool.
Quando um governo quer mais farmácias e menos maternidades está a exercer um direito: o direito de lixar a vida aos cidadãos: Por haver mais farmácias não haverá mais doentes, nem se vão vender mais remédios. No antigamente, que bem me lembro, as mães tinham os filhos em casa e tratavam de interromper os descuidos no alojamento das parteiras. Não se trata de pregar moral: era assim. Deixou de ser. Agora também. Ir a Espanha ter filhos não é nada de outro mundo, já para lá se patinhou por razões inversas. As coisas são como são: os governos
governam com a legitimidade que lhes é devida e os cidadãos são livres de pagar as consequências...
Nem era de consequências que desejava tratar. Quantas vezes na melhor das intenções se dizem inconveniêncis? Não é por causa das selecções perderem que o futebol deixa de andar para a frente. Para a frente do Benfica vem o Rui Costa e ninguém perguntou a Pinto da Costa se ele ficou satisfeito. Os clubes são livres de ficar a dever e é manifesto que têm o direito de não pagar seja qual for a cor do apito. Um Benfica forte é o que se quer. O Rui já cá está e amanhã vão ficar a saber do melhor: com vista ao futuro os dirigentes encarnados não olham a sacrifícios e vão anunciar a contratação dos esperançosos Costacurta e Maldini para a defesa, porque a defesa é o melhor ataquer.
Liberdade não é só matar ou estropiar é também o direito a ser enganado, enquanto sonha alto.
Como se pode pensar em crianças ou no bem estar delas se os adultos são o que são? Se a Justiça é o que é? Se as coisas são o que são? Se os valores valem o que valem e cada vez valem menos?
Fico por aqui. É um direito que me assiste...
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