sexta-feira, maio 19, 2006

MACAQUICES

Placidamente sentado num banco do hall do aeroporto, esperava duas amigas, que chegavam de França. Já tinha folheado o jornal duas vezes e bocejado umas quatorze (será assim que se escreve?) ou quinze vezes,quando notei (hoje quero crer que tenha sido pelo olfato) uma cientificidade sobre relações presumíveis entre humanos e chimpanzés, na pag. trinta e uns trocados. O tom era o que vai sendo moda: sugerir um pecaminoso atentado ao pudor. A começar pelo título: chimpanzés e humanos fizeram sexo. Como são tendenciosos (jornais e jornalistas) não mencionam qual dos sexos fez sexo com o outro sexo. E evoquei algumas revelações sobre pastores, que sofriam com a solidão e abusavam (aproveitavam?) das ovelhas e ocorreu-me pelo menos um caso de jovem que ganhou o gosto pelas galinhas. Mas também vi, na fase de ver cine-porno, umas senhoras desembaraçadas mesmo com cães!
Quando amigas, finalmente se soltaram da zona restrita, alem das malas vinham cheias de jornais. Uma trazia o «humanité», o «figaro» e o «canard»; a outra o «le monde» e o «liberation». Foi a primeira página do último que me fascinou:O caso dos chimpanzés com fulanos de tal inundava a primeira página e tinha um tom sério. Dormi mais tranquilo. Vinha sendo, há uns anos, alvo do furor da patroa pelo vício que adquiri de remexer no interior do nariz. Afinal nem é nervosismo nem falta de higiene: é genético, gaita! É genético! Já não preciso de ter vergonha e já não iria a tempo de renegar os ancestrais. O Le Monde puxava pelo corvo, o denunciante anónimo, que o deixava de ser. Cheira-me a arranjo e façam o favor de respeitar o meu olfato, tem raízes! Com um culpado próximo do primeiro-ministro é o presidente que se livra. De onde diabo lhe vem aquele jeito dos saltinhos?

1 comentário:

Anónimo disse...

Folheando....?