Helena Matos assina na edição de Sábado um texto notável, lembrando o essencial e o acessório da política, nomeadamente nesta fase de campanha eleitoral, em que os principais dirigentes dos partidos políticos portugueses se afadigam a falar de coisa nenhuma, deixando para trás o tanto (importante) que existe para tratar acerca da vida da nossa sociedade, organizada no mais antigo estado da Europa.
O mais antigo e, seguramente, aquele que reproduziu a sua Nação por mais Mundo, espalhando gente pelas sete partidas.
No seu texto, "A Natureza do Mal", a cronista clama contra a tentativa de os "líderes independentistas" espanhóis procurarem "obter em Portugal o reconhecimento tácito do seu estatudo de chefes de Estado".
Lamenta que Santa Lopes, na última reunião cimeira luso-espanhola tenha permitido ser tratado ao nível dos presidentes das comunidades autónomas de Espanha e que, nem ele, nem Sócrates se pronunciem sobre o que Josep Carol Rovira, líder da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) veio dizer a Portugal sobre o nosso próprio Estado: que devemos preparar-nos para um futuro de mera região ibérica, no quadro de um" Estado multipolar".
A indignação de Helena Matos tem toda a razão: os principais dirigentes deste país - principais porque disputam a possibilidade de nos governar - esquecem-se, perigosamente, de que a política tem a ver com a boa governação dos povos e não com interrogações ao espelho ou à fita métrica.
Ao sr. Rovira terá que haver alguém a lembrar que Portugal não é apenas o mais antigo Estado da Europa, mas aquele que fez sair o velho continente do seu confinamento miserabilista e doentio. Alguém que diga, com voz grossa, que na Península Ibérica existem e vão continuar a existir, pelo menos, dois Estados. Não nos misturem na confusão e nos erros dos espanhóis.
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