Os intrumentos de comunicação de massas raramente falam, mostram ou escrevem o lado mais positivo dos portugueses. De resto, para se ser objecto de notícia em Portugal é preciso ser político ou futebolista. As alternativas são mesmo más: ladrões, vigaristas, bêbados, violadores, pedófilos, prostitutas e coisas assim.
Poucos portugueses, dos que se ficam pela atenção aos instrumentos de comunicação de massas, saberão, por exemplo, que as tecnologias da via verde e do sistema de pré-pagamento dos telemóveis são criações portuguesas.
Por outro lado, os mesmos portugueses desconhecerão que grande parte dos portugueses e portuguesas com capacidades para além do normal têm que sair do país para realizar os seus projectos, cumprir os seus planos de investigação.
A maior parte deles acaba por ficar pelo estrangeiro, contribuindo para o enriquecimento das suas terras de acolhimento. Muitos ficam contra a sua vontade, porque a sua terra, Portugal, os rejeita.
Conto-vos a história de uma doutorada em Biologia nos Estados Unidos. Depois do doutoramento imaginou que a sua especilização poderia ser útil à sua gente e rumou Lisboa. Difilmente conseguiu entrar na Faculdade de Ciências, em Lisboa, onde nada lhe davam para fazer - nem sequer um lugar para estar.
Cansada da situação mandou o seu curriculum para Universidades americanas e inglesas. Quinze dias depois teve que escolher entre uma de Londres e outra da Califórnia. Optou por Londres, uma vez que lhe ofereciam um contrato permanente. O seu curriculum era muito bom, brilhante, consideraram os ingleses. E lá foi a nossa doutora. Tem saudades? Certamenmte terá, mas passam.
Porque é que isto acontece? por muitas razões, mas uma delas é, seguramente, a atenção desmedida que quem decide sobre coisas importantes na nossa terra, dá aos instrumentos de comunicação de massas. Quem decide não tem informação, não tem cultura, só se preocupa com os jogos da pequena política e de conservação de poder. Ora, como dizia a Engª. Pintasilgo, a política tem de ser sempre um acto de cultura. Por isso ela lançou a ideia das presidencias abertas, que outros aproveitaram para se manterem nas primeiras páginas dos instrumentos de comunicação de massas.
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