Escuto a auto-promoção da RTP e sorrio, ouço os seus administradores falar das realizações do consulado e surpreendo-me. Vou, seguramente, ficar de boca aberta de espanto, quando o ministro Morais Sarmento aparecer em campanha a falar da sua grande obra na Televisão pública.
Antes que o abrir de boca seja nacional e corra tudo para as urgências dos hospitais, será melhor contar o que realmente se passou com tal instituição.
Tenho um amigo que, para resumir a questão da RTP, conta a seguinte estória: "imagina que o dono de um fábrica de sapatos resolveu vender as máquinas e despedir os sapateiros. Todavia, para manter a existência da fábrica arrendou um apartamento, colocou a placa com o nome da fábrica virada para a rua e assegura a toda a gente que ela existe. De facto, está lá, só que já não fabrica sapatos".
É assim a nossa Televisão pública. Acertaram as contas? Eles dizem que sim. Venderam tudo quanto havia para vender, alugaram instalações, despediram pessoal. E agora ?
Agora, o grupo RTP abdicou de intervir nas grandes produções de televisão, de cobrir os grandes acontecimentos, de transmitir os grandes espectáculos.
Dispensou os seus melhores profissionais, nomeadamente em áreas determinantes como a produção e a realização televisiva, alienou parte dos meios técnicos de que dispunha, não se actualizou, não adquiriu novos meios, nem sequer aproveitopu a realização, em Portugal, de grandes acontecimentos, como foi o Eruro 2004, para iniciar um processo sustentado de actualização.
Por mais incrível que possa parecer a RTP não dispõe, actualmente, de meios humanos (realizadores, produtores...), capazes de produzir e realizar um ballet, uma ópera, um grande concerto, um desafio de futebol, uma corrida de fórmula 1...terá mesmo alguma dificuldade em "gravar" uma boa peça de Teatro.
E se quanto a meios humanos a situação é bastante grave, como provam as sucessivas recontratações de funcionários recentemente dispensados, a reestruturação técnica da empresa parece acompanhar o descalabro geral das grandes opções económicas e financeiras nacionais.
Além dos meios técnicos de informação, quer de estúdio, quer de reportagem, de aquisição recente e que são meios ligeiros, a empresa já de poucos meios técnicos de produção dispõe. A grande maioria das unidades está completamente desactualizada, mal equipada, com material antiquado a que falta manutenção, excepção feita para dois carros de exteriores, que ainda estão operacionais, mas que só ligados em série poderão transmitir um grande desafio de futebol.
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