sexta-feira, janeiro 07, 2005

O Destino

Esta coisa das previsões económicas a que se juntam eleições começa a fazer-me alguma confusão. Afinal, vamos votar para quê, se os economistas já sabem que daqui a dois anos ainda andaremos de mão estendida?

Hoje foi o Governador do Banco de Portugal a dizer "chegou a hora" e a sugerir consensos. Mais consensos?

Já ouvi falar de conspirações de silêncio, nunca ningém me tinha sugerido a possibilidade de uma conspiração de consensos. Parece ser o que está a acontecer. Se assim é, para quê votar? Os cidadãos não são chamados a votar as propostas políticas dos partidos? Eles ainda não as deram a conhecer, mas é sabido que os cidadãos pretendem uma mudança de políticas, sem consensos.

O povo está cansado de consensos, porque os consensos confirmam as previsões dos economistas.

Deixem os políticos falar e falar de política e não de défices. Depois iremos votar todos, ou quase todos. Que se calem os economistas. Parecem os jagudis da Guiné Bissau a sobrevoar o Hospital Simão Mendes, as cartomantes a adivinhar desgraças do destino.

É que se a política se resume a previsões económicas, então deixemo-nos de conversas e entreguemos tudo isto aos Bancos. Ficava tudo mais claro, cumpria-se rapidamente o destino.

1 comentário:

Anónimo disse...

Confesso que esta coisa dos consensos não me agrada nada. É suposto que os partidos tenham visões diferentes para resolver os problemas que afectam a nossa sociedade. Como Economista deve dizer-lhe que me doi ver que os cartomantes foram substituidos (nas tradicionais previsões de final do ano) pelos economistas. Uma profissão nobre está assim transformada na "previsão", como se nos bancos da universidade nos fosse dada uma bola de cristal para utilização futura. A questão que se coloca a Portugal é económica e política. Coloca-se, não ao nível do deficit (palavra tão gasta), mas sim no que o gera. O ataque que assistimos ao Estado Providência é atroz. Dizem-nos que este está esgotado! Pois se ainda não chegou sequer a atingir níveis aceitáveis no nosso país como pode estar esgotado! A "máquina do Estado" sabemos que necessita ser reformada, mas atenção, há formas diferentes de a "reformar". Enquanto que a direita tem uma visão simples, privatize-se o que vale a pena: saúde, água, educação (para depois, claro, pedir o apoio do Estado) a esquerda (espero bem) tem outra visão. Não devemos pelos consensos. Nada de bom virá. Quem será depois responsabilizado? Fomos todos, não é?
Discutamos e escolhamos o que nos parece a melhor visão, o melhor projecto.
Luís Sequeira
http://abnegado.blogspot.com