quinta-feira, janeiro 13, 2005

Procura-se Instabilidade

Em"Recursos Humanos", pag. 75 da Revista "Prémio", na sua edição de 24 de Dezembro de 2004 (belo dia para tal texto) está um resumo de algumas preciosas afirmações de alguns preciosos administradores executivos da nossa praça, produzidas durante um debate organizado pela preciosa "Portuguese American Post Graduate Society( PAPS).

O jornalista dá destaque a dois dos administradores presentes: Paulo Fernandes, da PT, e Rui Horta e Costa da EDP.

Já sabía que a família do barão se tinha multiplicado pela PT, a ponto de, supostamente, haver nos Recursos Humanos um departamento exclusivo da família Horta e Costa, se tinha estendido aos CTT, mas desconhecia que o baronato já tinha existência na EDP.

Mas, vamos às tais declarações:

Diz Paulo Fernandes, um ex-consultor de uma das empresas que foi dando papéis de reestruturação à PT: «No Grupo PT ainda existem muitos "gonçalvistas". Pessoas pouco ambiciosas e que foram educadas num clima de pós 25 de Abril em que o importante era manter o emprego, mesmo que a ganhar pouco».

A esta pérola, o barão da EDP acrescenta: «os trabalhadores têm de ter alguma coisa a perder. Saber punir é muito mais difícil que saber premiar. E os portugueses têm que se habituar a ser despedidos quando os objectivos não são cumpridos".

Ficamos agora a perceber porque é que algumas empresas em Portugal, em vez de directores de recursos humanos, têm "cangalheiros"...

Ficamos também a saber o que é que o patronato quer dizer com flexibilidade, que é, aliás, o título do tal texto "Procura-se flexibilidade". Qual flexibilidade?Instabilidade é que é, oh! senhor Nuno Abrantes Ferreira - o homem que assina o trabalhinho.

Trabalhinho imcompleto porque poderia ter perguntado áqueles preciosos administradores quanto ganham eles, quais os montante dos auto-prémios pelo cumprimento dos objectivos conseguido no esforço dos tais trabalhadores que devem" perder alguma coisa" e "habituar-se a ser despedidos".

E já agora, sr. Abrantes Ferreira - seja lá quem for - porque não lhes perguntou o que devem eles perder pelos gastos excessivos em mordomias - deles e dos colegas de administração , em despesas de representação, em viagens sumptuosas; pelos ganhos( para eles e para os amigos)conseguidos em negócios com os recursos das empresas que dizem administrar.

Por último, sr. Ferreira, deveria ter-lhes perguntado por que méritos especiais são eles administradores executivos das duas empresas ex-públicas mais importantes do país e que mantêm os preços dos seus produtos no mais alto nível da Europa.

E já agora, sr NAF, mude lá o título do próximo texto que escrever sobre a matéria - lute contra a porcaria do recibo verde que, de certeza, assina no final do mês para lhe pagarem uma porcaria de uma remuneracãozita.

PS. O Sr. Nuno Abrantes Ferreira poderia, inclusivé, no seu texto, e a propósito da PAPS, lembrar aos srs. administradores que os seus congéneres americanos assinam um termo de responsabilidade em que assumem, pessoalmente, as consequências dos seus actos ao serviço das respectivas empresas, incluindo actos de má gestão, prejuizos, etc. Por cá, as empresas apresentem os números que apresentarem os srs. administradores só têm direito aos prémios, que, de resto, vão "cobrando" ao longo do ano.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois, a lei da sobrevivência é só para os outros, os que não se abrigam sob o guarda chuva das carreiras encomendadas. Ter resultados é muito bom, quando são sólidos e aguentam a investida do tempo. Mas o tempo de que falo não é seguramente o do mandatos destes administradores. Para eles é fácil, basta saltar para outra empresa, ao serviço de interesses congéneres, na mesma linha de rumo que faz do nosso país um case study de insucesso. Administrassem eles as próprias empresas, e não falariam grosso. Precisamos pouco de gestores. Verdadeiramente precisamos de empreendedores, de gente com o gosto do risco, que saiba o valor do dinheiro e do trabalho, que lhes saia da pele das mãos e da massa cinzenta. O resto são dandys, a usar o dinheiro alheio. Mal.