Quem viveu em regime de partido único sabe como é(foi) : a informação não é (era) feita de notíticas, mas de silêncio.
Quem viveu os últimos dois anos em Portugal sabe como foi: a informação era feita de trapalhadas, desmentidos e contra-desmentidos, uns do primeiro-ministro, outros dos ministros e outros ainda da central de informação clandestina.
Hoje, em Portugal, vive-se uma situação de normalidade: o governo parece estar a tratar das coisas da res publica, os cidadãos estão na expectativa e os jornais, rádios e televisões atolam-se em noticiários de desgraças ( quando não estão perto, mesmo as de longe servem) e enchem as páginas e os minutos com as opiniões de comentadores, que, não tendo nada para comentar, comentam isso mesmo - o silêncio.
Nos corredores das instituições, entretanto, começam os boatos - tal como acontecia na gestão das notícias pelo silêncio. Por exemplo: na RTP diz-se que tudo vai ficar na mesma, isto é, mesma administração, mesma direcção e a mesma sem vergonha de ausência total de projecto.
Na RDP, o mesmo, com a agravante de na RDP África se murmurar, com pânico, que o substituto de David Borgers vai ser o Ricardo Jorge, "analfabeto de pai e mãe, que nem sabe ouvir rádio, um burocrata autocrata"...etc, etc.
Para a Galp, João Líbano Monteiro e os seus pequenos polvos lançam a notícia um pouco por toda a parte: Murteira Nabo e sus muchachos e muchachas (Ah! Ah!).
Na PT, tudo na mesma: o Barão não sei das quantas até já pagou um boneco para o contra-informação a ver se ganha alguma notoriedade. Mas, coitados dos autores dos textos... vão tirar o quê de um boneco que apenas é conhecido por querer muito ser barão e boneco do contra-informação.
E assim por diante.
Os boatos são os filhos do silêncio.
Se a estratégia é gerir o silêncio até ter tudo reorganizado - como parece estar a acontecer, por exemplo no Ministério da Agricultura, com Capoulas a colocar as pedras convenientes no tabuleiro - se a estratégia é essa, então também será conveniente que o barulho das notícias ocupe não mais de três dias de uma semana destas, para que tudo se acabe num Sábado, com o Expresso a dizer o pior possível das alterações efectuadas. É que na segunda-feira seguinte voltar-se-á ao normal.
Espera-se, portanto, que, por exemplo, o anúncio de uma nova administração para a Agência de Notícias Lusa, bem como a nomeação de uma nova direcção de informação, seja feito ao mesmo tempo das novas administrações e direcções da RTP e RDP, finalmente separadas.
Que no dia seguinte sejam anunciados os nomes dos novos admnistradores das empresas cujos mandatos já terminaram. No mesmo dia podem, por exemplo, ser anunciados os novos directores gerais de algumas estruturas da admnistração pública.
Assim mesmo: tudo de uma vez, durante três dias: terça, quarta e quinta-feira.
O país respirará de alívio e os boatos acabar-se-ão com a normalização de um processo de informação democrático.
Valeu?
Como veêm, é fácil, basta consultar a blogoesfera. Nem cobramos nada pelo conselho. Uma estratégia destas decidida por uma qualquer agência de comunicação ( por exemplo a JLM & Associados) custaria uns milhões de Euros. Vai uma aposta?
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