Bom! Vamos por outro lado. Ainda recentemente li por aqui uma citação poética muito bonita:
"...uma bola colorida entre as mãos (...)"
E fica-se a sonhar com imagens bonitas, à espera de reconhecer que "o mundo pula e avança".
Mas ou é impressão minha ou o homem anda a sonhar demais e o mundo fica indeciso entre pular e zarpar.
Como os leitores estão fartos de saber a farmácia da aldeia é uma instituição. Na minha, o farmaceutico é um pacholão. Além de saber, ao pormenor, a vida de toda a gente da redondeza,
cuida dos clientes sem cobrar pelo uso da seringa ou de medir a tensão. E, de repente, ficou tão atarefado que nem visto. Mudou as prateleiras, empurrou o balcão, alargou uma portade forma a ter-se acesso a outra sala.
Espantei-me e perguntei-lhe o que é que se estava a passar. Ele explicou que estava a preparar-se para as novas regras de mercado. Tencionava alargar o negócio e vender produtos hegiénicos e dietéticos que não exijam prescrição médica. E mostrou-se um canto onde vai vender vinho alentejano a copo, Cerveja também vai vender, mas só muitro gelada. Vai ter, também, outros produtos de dieta especial, como presunto de Chaves, morcela das Beiras e alguns enchidos de Mirandela. Whisky, também, mas apenas escocês.
- E daquele outro lado do balcão? - perguntei.
- Oh!, ali vai ser a agência de viagens! - E sem ligar a minha cara de pasmo, prosseguiu: - Vamos organizar viagems a Badajoz e à Suiça, para os casos de interrupção voluntária... Na outra sala, ali, vamos vender bilhetes prá Bola...
Eu abanei a cabeça cheio de compreensão pelas modernices e perguntei-lhe em que canto eu podia levar a injecção semanal. Ele abanou a cabeça:
- Oh!, menino, isso não. Uma farmácia não pode servir para tudo... Ali o vizinho do talho tem sala vaga e vai vender injecções, dar massagens e tratar das artroses...
1 comentário:
Ainda passo por lá, só para comer uma fatia de presunto.
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