Parece-me legítimo falar em esperança, depois dos últimos actos da política nacional: formação de um governo levada a cabo na intimidade , uma tomada de posse sem beija-mão, dois discursos verdadeiramenmte de Estado, virados para as questões importantes da gestão da República.
Hoje, ao ouvir Jorge Sampaio, pareceu-me senti-lo completamente confiante, senhor de si mesmo, com a esperança de, finalmente, ser entendido.
José Sócrates recuperou a atitude própria de um chefe de Governo: anunciou as ideias norteadoras do seu projecto. Fê-lo com determinação, com simplicidade e num tom grave, mas sereno. Os exemplos concretos que deu da futura acção do seu governo foram bem escolhidos, já que, um deles fala do dia-a-dia dos portugueses - o acesso aos medicamentos - e o outro da necessidade de uma opção de fundo em matéria constitucional.
Dedicou poucas palavras ao passado e fez bem.
No final, os repórteres de serviço, que se entretiveram a ouvir gente a esmo para passar o tempo, tiveram a desilusão de não poder ouvir nenhum dos empossados, à procura de uma primeira hesitação, de uma primeira gaffe.
Também aqui este XVII Governo Constitucional parece ter uma estratégia correcta: os ministros vão falar quando entenderem e não porque estão à mão de um qualquer microfone.
Para um cidadão especialista em generalidades, como é o meu caso, são estes os factos mais relevantes desta manhã de passagem de testemunho entre dois governos, no cumprimento do determinado pela escolha popular.
E estes factos transmitem a esperança de que a passagem do testemunho represente, efectivamente, uma mudança substantiva nas políticas governativas.
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