A administração da CP está a estudar a possibilidade de abandonar as instalações da sede social da empresa, na Calçada do Duque, para concentrar num único local a totalidade dos serviços que tem espalhados por Lisboa.
"Se tudo correr bem, talvez consigamos atingir esse objectivo dentro de dois ou três anos", disse o presidente da companhia, António Ramalho - confirmando parcialmente as referências que vêm sendo feitas ao assunto por dirigentes sindicais e activistas do PS organizados no interior da empresa.
Posta a circular logo a seguir às eleições - num comunicado de um"núcleo partidário" que António Ramalho não quis identificar, e posteriormente divulgada pelo "site" do sindicato Sindefer -, a notícia é apresentada pelos críticos da administração como uma"negociata" que "lesa a CP, o Estado e os contribuintes", "abrindo caminho à especulação imobiliária".
De acordo com a informação do Sindefer, o abandono da vasta e valiosa área que a empresa ocupa por cima da estação do Rossio, entre a Calçada do Duque (Escadinhas doDuque) e a Calçada da Glória, estaria "em preparação adiantada" e as novas instalações já estariam escolhidas: um edifício da Parque da Expo para onde a Refer mudou recentemente uma parte dos seus serviços e onde funciona também a sede da Rave, a empresa responsável pelo projecto dos comboios de alta velocidade.
Confrontado com esta versão dos factos, o presidente da CP garantiu que nada está decidido e que não tem qualquer fundamento a ideia de que a empresa iria ocupar um edifício onde já está a Refer. "Nem se ionde é que fica esse edifício", afirmou.
Este excerto de um texto publicado pelo jornalista António Cerejo no "Público", mais o que poderá existir por detrás destas trocas e baldorcas, associados à ligação que é possível fazer entre os empreendimentos imobiliários do grande beneficiário do regime "Durão-Santana", João Pereira Coutinho, na zona das Amoreiras (Artilharia 1 e Duarte Pacheco) com a construção do Túnel do Marquês e o encerramento do Túnel ferroviário do Rossio - de que nunca mais se falou- ...tudo isto pode dar uma ideia do que se pode estar a preparar em termos de uma nova cidade, donde muitos terão de ser excluídos.
Uma nova cidade em que muito do património do Estado poderá passar para mãos privadas, interessadas, quiçá, em mais valiadas extraordinárias com a venda do resultado a grupos estrangeiros. Desta vez, os lisboetas e os que aqui trabalham vão mesmo fazer uma forte figura de parvos.
Já venho escrevendo sobre estas matérias há algum tempo: posts "Heranças", de 15Dez04, "Artilharia Um, o Túnel do Marquês e o Túnel do Rossio", de 21Jan05.
Mas eu só posso escrever - sempre com a convicção de ter leitores tão impotentes como eu. Fazer o quê?...
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