terça-feira, março 15, 2005

SINAIS?

Nem é de agora. Houve tempo que aconteceu várias vezes com Mário Soares. O então primeiro ministro saía para o estrangeiro e atribuía às dificuldades no linguajar estrangeiro algumas da gafes que cometeu. O Jornal Novo tinha para ele um ante-título especial: "Mário Soares disse que não disse". Seguia-se a notícia invariavelmente a desmentir a afirmação produzida. Quando Freitas do Amaral, na sua qualidade de cidadão que carregava uma conotação política que manifestamente já não perfilhava, disse o que disse sobre Bush, não foi nada que não tivese sido já ou dito ou insinuado por muitas e distintas personalidades de vários quadrantes de vários países. O que disseram ficou dito. O que fizeram depois, e o que têm estado a fazer é lá com eles. Já não dizem o que disseram e dão-se palmadinhas nas costas.
E a guerra no Iraque deu no que deu e falta saber ainda no que vai dar.
Seja dito que nenhum deles se desdisse. Deitaram para trás das costas e toca a confraternizar. Menos Aznar, que caiu; menos Durão, que zarpou.
Se não tivesse dito o que disse, Freitas do Amaral possivelmente não seria hoje o ministro que é.
É a partir dessa tirada que ele claramente se demarcou de Portas e do resto da Direita. Fosse ou já não fosse, ele, de Direita, desviava-se da posição do governo. A sua postura relacionada com as eleições que se seguiram, o sinal de voto, era o ponto final parágrafo.
A tentativa de desmentir é um sinal, um mau sinal. É uma brecha no habituem-se que Vitorino em boa hora decretou. O incómodo não se apaga com fraquezas. Os ministros não devem esquecer que não foram eleitos para quatro anos. Freitas disse que não disse é capaz de ser um mau começo...

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