Choraminguei, ontem, por me sentir impotente face aos abusos publicitários, uma espécie de praga, surgida no Século passado, transmissível via televisão, rádio e outros meios de CS, e cuja irradicação não se me afigura possível no decurso dos anos que se vão seguir.
"Praga" é uma forma de expresão, não é uma doença, antes uma maleita que tortura a paciência e a tranquilidade do espírito.
Para entender melhor o flagelo talvez seja útil recordar os primórdios e reflectir sobre a responsabilidades dos governos dos diveros países, que aceitaram de bom grado ver alienados do Estado os custos da modernidade, que constituia a recém chegada Televisão. Isto porque não foi em Portugal que o eixo do mal começou. Na Europa, àquem- cortina de ferro, a Televisão era propriedade estatal. O Estado, o nosso, como muitos outros, lançou mais uma taxa, a da televisão, que perdurou alguns anos na maior tranquilidade, penso eu, porque são os meus anos de África, dita portuguesa, onde não havia nem taxa, nem sequer TV. Soube pela imprensa da época da primeira investida para vender espaço televisivo à Pub. A Lei vigente opôs-se, ao reconhecer que a cobrança da taxa interditava o recurso a receitas publicitárias, como já acontecia na Rádio (Emissora Nacional).
A chico-espertice à época não perdeu tempo a avançar com a solução: abrir um segundo canal, esse, sim, sem pub (e também sem outras coisas). Nada de novo. Nada que não tivesse ocorrido, em França, por exemplo, onde, e embora já dispusesse de dois canais, avançou com um terceiro, regionalizado, mas com noticiários nacionais, a hora nobre.
Em França, lembro-me, foi uma luta. Com a saída de De Gaulle, o regime democrático existente
democratizou-se um bom pedaço mais. Até então a mão segura do governo mantinha a TV na ordem e chegou a pesar sobre um dos mais populares palradores desportivos da época, que cobria os jogos da França, no torneio das 5 nações, em rugby, que foi despedido. Estava-se na ressaca do Maio de 68. O homem foi trabalhar para uma rádio, estrategicamente sediada fora das fronteiras francesas, mas que emitia para dentro delas. E quando havia jogos, transmitidos em directo, a malta em casa, baixava o som da televisão, e escutava a transmissão pelo popular locutor, que nem hesitava pôr alguma malícia na expressão, frequente; "como os senhores telespectadores podem ver"...
Haveria de regressar à TV, mas noutro canal, que não o primeiro, o que se tornou ainda mais rídiculo, pois ambos os canais passaram a transmitir os jogos da selecção francesa. Era manifesto que a maioria da audição estava na 2...
Mas foi com Giscard (estou em crer) que começava, então, a operação publicidade na tv. Os jornais e as rádios, orgãos que não sentiam qualquer peso censório, eram, por isso mesmo, poderosos e não muito receptivos a mudanças, nesse domínio. O governo viu-se forçado a negociar e fazer cedências, nos impostos, nas tarifas dos correios e outras artimanhas, mas conseguiu entrar na nova era.
É bom recordar que, nos termos do acordo, a pub não podia interromper nenhum programa, nem intervalar qualquer noticiário. Cada espaço publicitário tinha dimensão máxima perfeitamente suportável. Não durou muito. Assim que Giscard perdeu o lugar para Mitterrand
tudo mudou e continuou a mudar, e de que maneira, com Chirac no governo de Mitterrand, quando se abriu a televisão aos privados, alienando-se inclusivamente o primeiro canal.
E foi assim... Por cá foi Cavaco Silva que abriu a porta e que extinguiu a taxa de Televisão. Não ganhou com isso o reino dos céus, antes a ira de quantos lhe sucederam, que tinham de pagar a factura dos canais do Estado, que não parava de crescer. Mesmo enorme como era, o prédio da 5 de Outubro já nem tinha onde alojar os trabalhadores que não tinham que fazer. Seguia-se a saga da rescisão dos contratos de trabalho. Mas isso é outra história.. O resto todos sabem..
O último sinal de progresso, do andar prá frente deve ter sido da responsabilidade de Morais Sarmento, que inventou o regresso ao passado, acasalando a RTP com a RDP, mordendo-lhe parte da taxa da Rádio.
"Praga" é uma forma de expresão, não é uma doença, antes uma maleita que tortura a paciência e a tranquilidade do espírito.
Para entender melhor o flagelo talvez seja útil recordar os primórdios e reflectir sobre a responsabilidades dos governos dos diveros países, que aceitaram de bom grado ver alienados do Estado os custos da modernidade, que constituia a recém chegada Televisão. Isto porque não foi em Portugal que o eixo do mal começou. Na Europa, àquem- cortina de ferro, a Televisão era propriedade estatal. O Estado, o nosso, como muitos outros, lançou mais uma taxa, a da televisão, que perdurou alguns anos na maior tranquilidade, penso eu, porque são os meus anos de África, dita portuguesa, onde não havia nem taxa, nem sequer TV. Soube pela imprensa da época da primeira investida para vender espaço televisivo à Pub. A Lei vigente opôs-se, ao reconhecer que a cobrança da taxa interditava o recurso a receitas publicitárias, como já acontecia na Rádio (Emissora Nacional).
A chico-espertice à época não perdeu tempo a avançar com a solução: abrir um segundo canal, esse, sim, sem pub (e também sem outras coisas). Nada de novo. Nada que não tivesse ocorrido, em França, por exemplo, onde, e embora já dispusesse de dois canais, avançou com um terceiro, regionalizado, mas com noticiários nacionais, a hora nobre.
Em França, lembro-me, foi uma luta. Com a saída de De Gaulle, o regime democrático existente
democratizou-se um bom pedaço mais. Até então a mão segura do governo mantinha a TV na ordem e chegou a pesar sobre um dos mais populares palradores desportivos da época, que cobria os jogos da França, no torneio das 5 nações, em rugby, que foi despedido. Estava-se na ressaca do Maio de 68. O homem foi trabalhar para uma rádio, estrategicamente sediada fora das fronteiras francesas, mas que emitia para dentro delas. E quando havia jogos, transmitidos em directo, a malta em casa, baixava o som da televisão, e escutava a transmissão pelo popular locutor, que nem hesitava pôr alguma malícia na expressão, frequente; "como os senhores telespectadores podem ver"...
Haveria de regressar à TV, mas noutro canal, que não o primeiro, o que se tornou ainda mais rídiculo, pois ambos os canais passaram a transmitir os jogos da selecção francesa. Era manifesto que a maioria da audição estava na 2...
Mas foi com Giscard (estou em crer) que começava, então, a operação publicidade na tv. Os jornais e as rádios, orgãos que não sentiam qualquer peso censório, eram, por isso mesmo, poderosos e não muito receptivos a mudanças, nesse domínio. O governo viu-se forçado a negociar e fazer cedências, nos impostos, nas tarifas dos correios e outras artimanhas, mas conseguiu entrar na nova era.
É bom recordar que, nos termos do acordo, a pub não podia interromper nenhum programa, nem intervalar qualquer noticiário. Cada espaço publicitário tinha dimensão máxima perfeitamente suportável. Não durou muito. Assim que Giscard perdeu o lugar para Mitterrand
tudo mudou e continuou a mudar, e de que maneira, com Chirac no governo de Mitterrand, quando se abriu a televisão aos privados, alienando-se inclusivamente o primeiro canal.
E foi assim... Por cá foi Cavaco Silva que abriu a porta e que extinguiu a taxa de Televisão. Não ganhou com isso o reino dos céus, antes a ira de quantos lhe sucederam, que tinham de pagar a factura dos canais do Estado, que não parava de crescer. Mesmo enorme como era, o prédio da 5 de Outubro já nem tinha onde alojar os trabalhadores que não tinham que fazer. Seguia-se a saga da rescisão dos contratos de trabalho. Mas isso é outra história.. O resto todos sabem..
O último sinal de progresso, do andar prá frente deve ter sido da responsabilidade de Morais Sarmento, que inventou o regresso ao passado, acasalando a RTP com a RDP, mordendo-lhe parte da taxa da Rádio.
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