Agora que o Papa João Paulo II foi a enterrar e os cinco milhões de peregrinos voltaram a casa, analisemos, ainda que muito ligeiramente, os últimos 26 anos da vida desta Humanidade que, na sua quase totalidade, prestou, ao que parece, sentidas homenagens ao chefe da Igreja Católica.
Dizem os correspondentes que pelo Vaticano passaram representantes dos maiores estados do Mundo - e dos pequenos também - numa demonstração inequívoca de admiração pela figura do Papa dos últimos 26 anos.
E o que aconteceu à Humanidade nestes últimos 26 anos apesar dos apelos incessantes do Papa à Paz, contra a pobreza, a favor dos explorados, da dignificação da pessoa humana, contra ódios rácicos, religiosos. O que aconteceu?
A prática da guerra preventiva foi um facto ocorrido por diversas vezes, umas mais evidentes e destruidoras que outras. Vários povos foram praticamente dizimados com o assentimento dos estados poderosos que mandaram os seus representantes ajoelhar junto a Karol Jtyla, já despojado de todo o poder, mesmo o da sua grande capacidade crítica.
A fome não pára de aumentar. Os números já são tão assutadores que as estatísticas oficiais apenas os referem vagamente ("à volta de...cerca de...").
As diferenças sociais cavaram nestes últimos 26 anos um precipício ainda maior. A Humanidade está cada vez mais dividida entre os muito poderosos (cada vez menos) e os completamente deserdados (cada vez mais).
Ora, tendo sido o Papa João Paulo II o grande arauto dos valores sociais da Igreja - reconhecido por todo o Mundo na hora da sua morte, temos, necessariamente, que perguntar pelo real poder desta Igreja, que nada conseguiu mudar apesar de o seu chefe ter tido, depois de morto, o mundo de joelhos perante a sua memória.
A Igreja Católica não passa de um palco para representação de grandes e pequenos espectáculos, sempre cheios de rituais desligados da realidade e onde a riqueza espanpanante demonstra que os actores em cena não conhecem as misérias dos bastidores, mas combinan perfeitamente com os rituais dos senhores da guerra, dos criadores da pobreza e dos pobres. A Igreja Católica, se com um chefe tão prestigiado, não conseguiu alterar nada, vai fazer o quê a partir de agora?
Não estará na altura de jogar o guarda roupa e os cenários fora e montar outro tipo de espectáculo?
2 comentários:
E quem é que se arrisca a ter um pontificado tão curto quanto o de João Paulo I, que, segundo constou, se propunha fazer essa alteração?...
Cristo não tinha um pontificado para arriscar e marcou o Mundo.É à sombra desse risco que esta Igreja vive há mais de dois mil anos, sem fazer nada para,sequer, alterar a relação de forças entre os justos e os poderosos.
Obrigado pelo comentário.
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