Ouço Aznavour e espanto-me. Afinal, a tecnologia de hoje não me obriga a ouvir os verdadeiros infernos que as Rádios trasnmitem - nem a música, nem as conversas, nem as notícias. Basta ter o CD certo no momento. E não apenas em casa. Agora, no carro trago, entre outras músicas de outros tempos, 48 sucesssos de Juanito Valderrama, o cantor andaluz que comovia toda a Espanha com a sua voz e , muito particularmente, com o "El Emigrante", que Franco, num golpe de génio acabou por transformar numa espécie de hino do franquismo, depois de ter sido uma verdadeira cantiga de protesto dos espanhóis que se sentiam obrigados a procurar melhor vida e melhores dias noutras paragens.
Assim como eu que procuro noutras músicas um complemento para o conforto de quem se sente bem consigo e mal com o que o mundo à volta proporciona.
Para me sentir ainda melhor recordo a voz de Mayza Mataratzo, a feiticeira de voz cálida, de quem nem os brasileiros já falam. A par de músicas de outros tempos - que seriam de hoje se as editoras se dispusessem a isso e os homens e mulheres da Rádio fossem mais cultos, mais informados, também visito João Loio, um verdadeiro proscrito da música portuguesa
Deste modo esqueço a política, a pequenez da oposição e o tamanho da desesperança, que, ou me engano muito, ou está retomar o seu lugar no centro do Mundo.
Sem comentários:
Enviar um comentário