A partir de amanhã, o mapa político português vai ser completamente diferente daquele a que nos habituámos nos últimos anos, já que a esquerda, na sua globalidade, vai impôr-se de forma absoluta, deixando a direita entregue a uma representação escassa, do ponto de vista quantitativo e pobre do ponto de vista qualitativo.
As eleições de amanhã poderão mesmo apontar para o próximo fim de uma das contradições do nosso espectro político: a existência de dois partidos que se reclamam da social-democracia.
É que a entrega do PPD/PSD a Santana Lopes, por parte de Durão Barroso com o assentimento de todos os seus dirigentes e uma grande parte dos militantes, foi como que um assassinato (também tu, Brutus?").
O PPD/PSD, perante a calamidade que foi Santana Lopes, quer como governante, quer como líder partidário, vai aparecer a agonizar entre os festejos de vitória da esquerda e as coroas de flores da direita, representada pelo CDS.
Todavia, a este CDS/PP (porque é que a direita usa este truque de duas siglas para os seus partidos?) também não esperam boas notícias, ao contrário daquilo que o seu presidente foi anunciando ao longo da campanha.
Uma campanha especial, a fugir do seu eleitorado de 2002: os feirantes, os "espoliados do Ultramar", os ex- combatentes da guerra colonial, precisamente o eleitorado que não lhe vai perdoar o não cumprimento das promessas então feitas.
Repare-se que Paulo Portas só apareceu de supresa em alguns locais públicos. Durante toda a campanha montou acampamentos defendidos das multidões que fazem as vitórias dos políticos.
Portanto, as coroas de flores do CDS/PP têm mais a ver com o futuro do que com o dia de amanhã. Com o PPD/PSD a desmembrar-se, previsivelmente, numa" guerra civil fratricida", ao PP resta esperar a absorção dos "PP" do PSD para hastear a bandeira da direita e entregar ao centro, em que o PS se vai transformar, o que ficar do PSD.
Neste contexto, o reforço da esquerda do Parlamento português pode anunciar a reformulação do chamado espectro político nacional, já para as próximas eleições autárquicas. Diria mesmo que, depois das eleições de amanhã, todos os cenários para as presidenciais também terão de ser revistos.
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