Se se trata de um crime passional, de um acidente, de uma suspeita de pedofilia, de um escândalo financeiro, da doença papal, de coisas assim, a comunicação social monta acampamento, fomenta o mercado da venda de cachorros quentes e cerveja. E se o escândalo ou a desgraça demora o tempo suficiente juntam-se aos vendedores de DVD's piratas os de chupetas para bébés.
Notícia é assim mesmo: complicada, a cheirar a sangue e lágrimas. As coisas simples ficam para adivinhar.
Por exemplo, hoje foi notícia em todo o lado: Tiago Monteiro vai correr na Fórmula 1 . Toda a comunicação salienta as qualidades do piloto - de que não duvido - para justificar a inclusão de um quatro português no chamado "circo da fórmula 1".
Há um jornal que, citando a porta-voz do piloto, refere que o contrato foi assinado, depois de resolvidas todas as questões com os patrocinadores em Portugal.
Ninguém fala do patrocinador que permitiu a Tiago Monteiro esta nova aventura na sua vida - oxalá lhe corra muito bem. E ninguém fala por duas razões: 1 - acham que seria publicidade gratuita; 2 - teriam que revelar os montantes do patrocínio.
E se o patrocinador é uma empresa de capitais públicos ? Vamos voltar ao caso de Pedro Lamy, patrocinado pela Portugal Telecom, então empresa pública, e que nunca chegou a revelar o preço de tal patrocínio, sujeitando-se à "verdade" dos boatos e dos rumores?
A informação correcta sobre esta participação de Tiago Monteiro nas corridas de automóveis revelará ainda uma outra circunstância desagradável: é que o piloto paga para correr. Os patrocínios são entregues aos construtores. Sem esse dinheiro não há "mais uma volta, mais uma corrida".
Na fórmula 1 é assim. Muito poucos são pagos para correr.
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