sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Rábulas



Desde que chegou , e se instalou, a democracia tem sofrido, e nós com ela. É preciso tempo para tudo, até para ter paciência. Dito de outra forma: não há remédio. Um bom exemplo, honesto e expressivo, saiu de Manuel Alegre quando criticava diferentes membros do governo Santana e terminava a reconhecer que no exercício do poder sempre se cometem erros “eu próprio cometi alguns”.É quase ternurento tanta compreensão.
A outra verdade, a minha, é que o que se conserva na memória é justamente o disparate, a palhaçada, as artolices. Neste domínio Santana não inventou nada. O poeta socialista disse uma vez: O “Século” não pode fechar. Fechou, claro.
E Soares? Caramba, senhores, caramba: “os senhores pensam que eu ia fazer uma remodelação à trouxe-mouxe na véspera de partir para a Europa?” Fez, bem entendido, ao fim da tarde. E de coligações estamos falados.
A História fará, estou certo, justiça ao homem bom que conduziu o país para o rumo da democracia ocidental, com coragem e determinação. As coligações trapalhonas e os frequentes “Soares disse que não disse” ficam no saco humanista de Manuel Alegre, onde devem estar arrumadas algumas diatribes de Pinto Balsemão, como a de escolher um pobre ministro que, coitado!, nem ganhava para os charutos.
Mesmo Cavaco deixou marca com a história do leite... Na altura era ainda mais mínimo que Santana, mas incoligado e quando quis aumentar o preço dos combustíveis, a maioria da Assembleia, onde ainda morava o PRD, levantou-se contra.. Cavaco choramingou que não o deixavam baixar o preço do leite, o santo leite das criancinhas…
E Soares fez-lhe a vontade, não por mor do leite, claro está, mas para começar a ajustar contas com os eanistas. Novas eleições e Cavaco apareceu de maioria absoluta. E asssim os combustíveis puderam aumentar e o leite também …

Trapalhadas continuaram com Cadilhe e as mudanças de casa e outro da mesma pasta com subsídios para jovem agricultor.
E as maiorias de Guterres não deram pano para mangas, apesar de se dever reconhecer algum mérito ao então líder socialista, pelo menos o de ter ganho com a maior margem de sempre entre os seus pares, mas tal como Durão durou menos do que devia.
Guterres ficou a dever ao país a solução para o problema de interrupção voluntária da gravidez. Durão “engravidou”O PSD e pôs-se a andar.
Ficou Santana para pagar a crise, com o inevitável sorriso nos lábios.
O pior é que Sócrates está com uma vontade doida de o incinerar…