sábado, junho 11, 2005

TAPAR OU DESTAPAR

O que as crises têm de chato é a dificuldade em perceber porque ponta é que se lhes deve pegar. A senhora ministra da Educação quis mostrar obra e, porque crise é crise, avisou que ia
poupar uma pipa de massa, restringindo aqui e ali, travando progressões progressivas. Avisou ainda que uns três mil professores incapacitados de dar aulas iam ser deslocalizados, por assim dizer. Saiam das listas de profs e iriam (ou hão-de ir?) para actividades afins, como bibliotecas, do ministério de de autarquias. A ideia luminosa consistia em não falar de despedimentos.
Acho mal. A crise no mercado de trabalho surge, de repente, falseada. Se há lugares possíveis de preencher nas bibliotecas municipais ou nas do Estado já devia ter-se aberto concursos de preenchimento desses lugares, entre os milhares de desempregados, muitos dos quais com currículo mais que suficiente e que nem sequer estão incapacitados de exercer a sua profissão.
Não se trata de ter ou não ter respeito pelas pessoas, neste caso, pelos trabalhadores. O direito ao trabalho disponível é para todos os desempregados.
Nos três milhares de professores a empandeirar, alguma da incapacidade resulta da recusa em mudar de local de residência ou outras distorções profissionais, mas seja pelo que for a incapacidade de preencher o seu posto de trabalho não lhes dá, a eles, nem à senhora ministra, o direito a usurpar outros postos de trabalho.
É claro que o desvio de docentes deve abrir espaço para novos professores, mas uma coisa não invalida a outra. O preenchimento de vagas, se for caso disso, será por concurso, naturalmente. Mas, minha boa gente, não há concurso para despedimentos. Há que ter algum respeito. Já basta quando alguns artistas da cor entram pela porta do cavalo. O governo deve guardar alguma contenção, mas ser pragmático: quem não pode ou quem não quer o posto de trabalho deve ser dispensado, com o devido respeito. Mas as vagas não podem nem devem ser para alguns.
E por falar em professores, porque não falar de ensino. Não por economia, mas por estímulo. Porque não convidar vultos para lições a vários níveis via TV codificada. A melhoria de técnica de ensino e o sumo de lição podia ser assim, creio eu, valorizados. Não com o intuito de substituir para poupar, mas de enriquecer o ensino, introduzindo alguns pós de qualidade extra.
Porque também este é um ângulo de preocupação: a qualidade. Fico-me por aqui. Tenho que estudar, mas volta não volta oiço o prof. na Televisão. Se aprendi alguma coisa de filha de putice foi a ouvi-lo...

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