terça-feira, junho 14, 2005

IGUALDADES

Entre igualdades e desigualdades venha a diferença e escolha. Por exemplo, a malta de Viseu não vai muito nisso das desigualdades ou da diferença. Como não aceita agride e espanca quem sai dos conformes. Mas há quem aceite e defenda o direito de cada qual ser como é, mas quando é o caso de se forçar a mão, os preconceitos emergem.
Um sindicalista chocado com as condições laborais no Vale do Ave revelava que algumas operárias com salários muito baixos ou até no desemprego se viam constrangidas à prostituição, com conhecimento e condescendência dos maridos. A crueza da crise faz, no entanto, realçar a desigualdade: ante o espectro da fome, a metade feminina do casal prostitui-se. O esposo conforma-se e ganha o respeito do sindicalista condoído. É uma imagem distorcida. Em plena era dos direitos e igualdades, porque é que a jovem senhora empobrecida, que decerto já lava a loiça e as roupas da casa, varre o chão do lar e cozinha para a família, tem ainda de ser ela a prostituir-se?
E porque não a outra parte? Porque não vão eles, varões, para o parque Eduardo VII ou outros similares, onde tanta gente, alguma alta e poderosa, mas igualmente carente, busca com ardor resposta adequada aos seus anseios? A igualdade, como a responsabilidade, quando nasce é para todos. Mas nem sempre, nem em tudo, se pode satisfazer todos. Se fosse só ir ao parque, pela noitinha, era simples. Mas, ele há mais desigualdades. Olá se há! Ainda que algumas imcompreensíveis e quiçá injustas. Como por exemplo a do pobre professor que badala na televisão pública, que só pode reformar-se aos 65 anos, se nessa altura já tiver anos de trabalho suficientes, e outro gajo qualquer pode ter pensão dourada e vitalícia após três ou quatro anos de banca do Estado, ou 12 anos de Parlamento? Ou mais ou melhores, no caso de ser julgador dos semelhantes pecaminosos?
Não é por nenhuma razão razoável ou lógica e muito menos decente. Mas porque quem mandou, manda ou mandará, nessa área aproveita-se e não se lembra de mandar as propostas de lei sobre essas generosas e ilegítimas benesses a votos. Para privilégio não há referendo. Se houvesse era seguro e certo que ninguém jamais se admiraria (como se admirou) com um nãozito de vez em quando.
A questão não se pode pôr em termos de discutir se é legal, razoável ou ético acumular uma pensão com um salário, mas a legitimidade da pensão, sobretudo se for gulosa, antes do tempo e sobretudo, atribuida por serviço mínimo num orgão do Estado que remunera bem os de cima e não avança com pensões prematuras para os de baixo. Pessoalmente preferiria que o senhor ministro (e outros que tais) perdesse a pensão, e que lhe dessem mais taco no vencimento, do que avançassem com alguma generosidade paga pela Segurança Social ao jovem professor dominical...

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