Dantes, era a caça às bruxas. Havia todo um cerimonial à volta da presumível, que sucumbia esturricada. Com o Santo Ofício ou a Santa Inquisição alargou-se o objecto da caça. O misticismo era mais abrangente e permitia intimidar qualquer um, azarado ou distraído. Para isso dispunha-se de engenhosos objectos que lavavam do pecado e permitiam a confissão, não que fosse indispensável, mas atenuava o tormento e morria-se mais depressa.
Mas o Homem não parou de crescer. No Século XX já era suficientemente crescido, se bem que a Economia fosse ainda elementar. O que não havia, ia-se arranjar. Adolfo acreditava que o dinheiro dos judeus era suficiente para ganhar a guerra. Matou alguns milhões deles, com alguma dose de maquiavelismo. Acabou por se suicidar, mas nem era preciso, já tinha perdido a guerra. A rendição. A festa da paz, que festa!
Em paz, a guerra, as guerras prosseguiram, uma atrás das outras. O que é que um pobre humano poderá fazer, se um dia as guerras acabarem? Provavelmente bocejar.
Onde hoje em dia é suposto não haver guerras, morre-se tranquilamente nas estradas. Aqui, onde estamos, desde que Afonso amarrou a mãe, é o pior troço da Europa. E se não é o mais pior
andará perto. Não adianta dramatizar. A culpa é de todos nós, mas especialmente dos governos, ou melhor dito: dos governantes. O problema nas estradas não é uma questão de défice orçamental. Mais IVA menos IVA não leva a nada. A meio do ano já vamos a pisar o meio milhar de vidas que sucumbiu nas estradas. O que é que vamos fazer? Ora: bocejar! Bocejar e ficar paulatinamente à espera dos outros quinhentos. Para isso vamos arranjar mais umas pontes de fins de semana, comprar mais uma dúzias de balões para o Zé soprar...
Ontem na Televisão e hoje num matutino faz-se referência a estudos sobre a matéria. Ou eu li mal ou o estudo é pouco credível, não que os dados não estejam certos, mas o tecido escasso para extrair conclusões, algumas das quais pavorosas, como a de que mais de 67% dos condenados, por infracções graves (de contrário nem seriam condenados) não ficou inibida de conduzir. E pior: em 90% de casos de condenação as penas foram suspensas!
Devo acrescentar por experiência própria que estes estudos não são fáceis. Ainda no Século passado tentei reunir elementos para abordar o assunto, por um certo ângulo. Eu reconheço que não sou simpático e tentar ir à procura de casos sinistrados reincidentes esbarrou logo, à partida, com a recusa peremptória das seguradoras em prestar quaisquer informações. Esbarrei com o silêncio e o fim dos sorrisos dos senhores das Janelas Verdes. O objectivo não era tão sinistro quanto pode parecer e incidia justamente sobre a pouca ou nenhuma repressão. E é aqui que a porca torce o rabo...
Existe excessiva tolerância sobre os automobilistas. Por um lado o peso da indústria terá contribuido para que a legislação seja maneirinha; por outro, o sentimento de quem julga ser muitas vezes contemporizador para com o réu, qualquer coisa do género: "são coisas que acontecem, podia-me acontecer".
De resto o próprio sistema judicial permite toda a espécie de atrazos e demoras que permitem a lavagem das responsabilidades, beneficiando o prevaricador e a seguradora. Quantos casos ficam anos e anos sem decisão, afectando vítimas, muitas das quais com a vida estilhaçada. Porque fala-se de mortes, mas não de nomes de pessoas. Fala-se do automobilista que atropelou (e matou) uma jovem na passagem de peões e foi condenado a dois anos de prisão, com penas suspensa, mas não se ,diz quem é. Mas é assim porque é assim que a Lei determina. Pois que seja, mas não deixa de estar mal. Nunca vi referido se um tal e tal que bateu e fugiu e depois foi julgado, se por acaso não tinha já tido uma porção de acidentes perigosos e pouco católicos. É aqui que entra, a meu ver, a responsabilidade do governo, que sabe melhor discutir portagens do que assegurar o bem estar de quem circula de acordo com as regras. Quando um operário cai do andaime, habitualmente sabe-se quem é o responsável pela obra. Sobre aparatosas acidentes de viação fica a saber-se pouco. Há uns dias houve um acidente terrivel: uma automobilista, violou dois riscos contínuos para poder ultrapassar um camião. Bateu de frente noutro carro que circulava em sentido contrário. Um morto (uma das duas automobilistas envolvidas) e três feridos graves. Mas nenhuma referência sobre qual dos envolvidos é que morreu.
Urge simplificar. Se o automóvel mata em excesso de velocidade, o processo judicial não pode ser lento, sob nenhum pretexto. A lei não prevê. Ora essa, então para que é que temos um ministro da Justiça? Para que serve uma Câmara de Deputados? Não se deve utilizar uma viatura como se fosse uma arma, e quem o fizer, e quantos o fizerem, todos devem ser denunciados. Como diziam os de antigamente: o que não vai a bem, vai a mal...
Mas o Homem não parou de crescer. No Século XX já era suficientemente crescido, se bem que a Economia fosse ainda elementar. O que não havia, ia-se arranjar. Adolfo acreditava que o dinheiro dos judeus era suficiente para ganhar a guerra. Matou alguns milhões deles, com alguma dose de maquiavelismo. Acabou por se suicidar, mas nem era preciso, já tinha perdido a guerra. A rendição. A festa da paz, que festa!
Em paz, a guerra, as guerras prosseguiram, uma atrás das outras. O que é que um pobre humano poderá fazer, se um dia as guerras acabarem? Provavelmente bocejar.
Onde hoje em dia é suposto não haver guerras, morre-se tranquilamente nas estradas. Aqui, onde estamos, desde que Afonso amarrou a mãe, é o pior troço da Europa. E se não é o mais pior
andará perto. Não adianta dramatizar. A culpa é de todos nós, mas especialmente dos governos, ou melhor dito: dos governantes. O problema nas estradas não é uma questão de défice orçamental. Mais IVA menos IVA não leva a nada. A meio do ano já vamos a pisar o meio milhar de vidas que sucumbiu nas estradas. O que é que vamos fazer? Ora: bocejar! Bocejar e ficar paulatinamente à espera dos outros quinhentos. Para isso vamos arranjar mais umas pontes de fins de semana, comprar mais uma dúzias de balões para o Zé soprar...
Ontem na Televisão e hoje num matutino faz-se referência a estudos sobre a matéria. Ou eu li mal ou o estudo é pouco credível, não que os dados não estejam certos, mas o tecido escasso para extrair conclusões, algumas das quais pavorosas, como a de que mais de 67% dos condenados, por infracções graves (de contrário nem seriam condenados) não ficou inibida de conduzir. E pior: em 90% de casos de condenação as penas foram suspensas!
Devo acrescentar por experiência própria que estes estudos não são fáceis. Ainda no Século passado tentei reunir elementos para abordar o assunto, por um certo ângulo. Eu reconheço que não sou simpático e tentar ir à procura de casos sinistrados reincidentes esbarrou logo, à partida, com a recusa peremptória das seguradoras em prestar quaisquer informações. Esbarrei com o silêncio e o fim dos sorrisos dos senhores das Janelas Verdes. O objectivo não era tão sinistro quanto pode parecer e incidia justamente sobre a pouca ou nenhuma repressão. E é aqui que a porca torce o rabo...
Existe excessiva tolerância sobre os automobilistas. Por um lado o peso da indústria terá contribuido para que a legislação seja maneirinha; por outro, o sentimento de quem julga ser muitas vezes contemporizador para com o réu, qualquer coisa do género: "são coisas que acontecem, podia-me acontecer".
De resto o próprio sistema judicial permite toda a espécie de atrazos e demoras que permitem a lavagem das responsabilidades, beneficiando o prevaricador e a seguradora. Quantos casos ficam anos e anos sem decisão, afectando vítimas, muitas das quais com a vida estilhaçada. Porque fala-se de mortes, mas não de nomes de pessoas. Fala-se do automobilista que atropelou (e matou) uma jovem na passagem de peões e foi condenado a dois anos de prisão, com penas suspensa, mas não se ,diz quem é. Mas é assim porque é assim que a Lei determina. Pois que seja, mas não deixa de estar mal. Nunca vi referido se um tal e tal que bateu e fugiu e depois foi julgado, se por acaso não tinha já tido uma porção de acidentes perigosos e pouco católicos. É aqui que entra, a meu ver, a responsabilidade do governo, que sabe melhor discutir portagens do que assegurar o bem estar de quem circula de acordo com as regras. Quando um operário cai do andaime, habitualmente sabe-se quem é o responsável pela obra. Sobre aparatosas acidentes de viação fica a saber-se pouco. Há uns dias houve um acidente terrivel: uma automobilista, violou dois riscos contínuos para poder ultrapassar um camião. Bateu de frente noutro carro que circulava em sentido contrário. Um morto (uma das duas automobilistas envolvidas) e três feridos graves. Mas nenhuma referência sobre qual dos envolvidos é que morreu.
Urge simplificar. Se o automóvel mata em excesso de velocidade, o processo judicial não pode ser lento, sob nenhum pretexto. A lei não prevê. Ora essa, então para que é que temos um ministro da Justiça? Para que serve uma Câmara de Deputados? Não se deve utilizar uma viatura como se fosse uma arma, e quem o fizer, e quantos o fizerem, todos devem ser denunciados. Como diziam os de antigamente: o que não vai a bem, vai a mal...
1 comentário:
Eu já uma vez sugeri, mas ninguém me ligou, que os condutores que já tivessem cometido infracções graves andassem obrigatóriamente com uma faixa amarela ou vermelha, dependendo do grau da infracção, no parabrisas do carro, para todos sabermos quem são. Uma espécie de orelhas de burro, ou um sinal de alarme, melhor dizendo.
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