Há momentos na vida de um povo que o definem como tal. A morte de Álvaro Cunhal é um deles. Ninguém pode ficar indiferente à passagem deste homem pela vida colectiva de Portugal.
Todavia, o Estado, essa instituição em nome da qual pagamos impostos, vamos à guerra, somos presos ou libertos, não traduziu uma única vez, num único gesto essa consideração do povo. Álvaro Cunhal passou, definitivamente, à categoria da lenda sem ter recebido das mãos de nenhum representante do Estado uma demonstração de apreço pela vida de luta, dedicação, esforço e sacrifício que viveu.
O Estado português nunca condecorou Álvaro Cunhal, um homem que marcou indelevelmente a vida nacional durante mais de cincoenta anos.
A sua morte serve também para definir a natureza do Estado que, dizendo servir-nos, se serve de nós, decidindo sempre segundo preconceitos ideológicos que nos dividem.
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