terça-feira, junho 07, 2005

METER ÁGUA

O governo anunciou que a água vai ficar mais cara, coisa de nada e o que é importante nem é o consumo, mas a reserva e a qualidade. Para que se cuide melhor da reserva e se sirva qualidade tem que se tomar medidas.Quem se der ao incómodo de ler o recibo da água há-de verificar a porção de taxas e sobretaxas, além da água propriamente dita, que tem de pagar por um líquido que, à cautela, nem deve beber.
Mas nem é pelo preço, nem é pelo aumento que manifesto algum desagrado, mas pelo desinteresse que os poderes públicos têm revelado ao longo dos anos pelos atentados aos veios de água, que alimentam os poços rurais, rios e ribeiros do país. Todos os responsáveis pelos institutos, pelos municípios pelos sucessivos governo sabem o que se passa pelas pecuárias, como são feitas descargas criminosas. O ar incomodado de alguns personagens a tentar fazer crer que vai ser instaurado um inquérito. O caso dormita até ao próximo incidente do género. São praticamente todos ou quase todos os porqueiros ou similares. Os raros que não são ficam mal vistos na fotografia e passam por parvos. E o Estado sabe. E sabe quais são e quantos são, e onde moram. Mas quase sempre faz por esquecer.
É duro que seja o cidadão que tem em casa o contador de consumo de água a pagar a crise e a pagar as águas, quer a trabalhar que esteja no desemprego, enquanto o explorador de suinos opta pela multa em caso de, e são muitos poucos, no fim de contas, os casos de...
Se este governo e este primeiro-ministro quiserem ser coerentes com a preocupação pelos cuidados da manutenção da qualidade da água deveriam ter começado por impor regras à laboração de pecuárias ou qualquer outro tipo de industrias poluidoras. A multa não é uma punição; a multa legitima a infracção. Este é um género de negócio que não pode ser tolerado.
Muita de responsabilidade cabe aos municípios, sempre prontos a olhar para o lado, mas os orgãos do Estado conhecem a situação. Querem fazer crer que existe outra crise de momento para enfrentar e cada dia que passa agrava-se o índice de poluição.
Salvar rios e proteger o ambiente não é só um dever é também investimento. Um rio de cara lavada também pode gerar receitas e pode restituir o respeito pela Natureza e alguma simpatia acrescida pelos agentes do Estado.

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