quinta-feira, junho 30, 2005

EDUCAÇÃO SEXUAL

Se há assunto que a Igreja, sobretudo a Igreja Católica, devia evitar é justamente o da educação sexual. De há muito que perdeu autoridade na matéria. E perdeu-a pela pior das razões. A memória das pessoas, e até dos crentes, não é assim tão curta. A Conferência Episcopal saberá que pouco se ganha em agitar as águas , até porque subsiste o risco de tombar afogado.
Podem e devem os cidadãos estar atentos, mas deve conceder-se ao Estado o dever de tratar da matéria de maneira adequada.
A tese de que compete às famílias decidir as orientações educativas que deseja para os filhos está eivada de preconceito e pretende, sobretudo, travar o processo iniciado pelo Ministério da Educação, opondo-lhe o fervor religioso.
Deve reconhecer-se, por outro lado, alguma delicadeza na elaboração do programa e nas formas de o desenvolver na escola. Do passado recente sobrou-nos alguns obscurantismo, muito do qual instigado pela Igreja, que ainda limita alguns dos adultos, pais de família. Mais difícil do que abrir as janelas aos meninos e meninas, durante as aulas, é acalmar o pudor dos papás e levá-los, a eles também à descoberta da forma primária da Natureza, muito escondida e diluida pela religião, que pode ser cristã por princípio, mas não pela prática. Deixemos pois que seja a Escola
a decifrar os mistérios que perpetuam a vida.

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