O Grupo "G-8", de repente, resolveu perdoar as dívidas aos 18 países mais pobres , isto é, aos mais endividados, isto é, aos estados que não pagam as suas dívidas, isto é, resolveram premiar os estados que têm tido ao longo dos tempos uma atitude de menos (ou nenhum) respeito pelas regras da convivência internacional.
Olhamos par a lista e não podemos deixar de ficar surpreendidos. Nenhum dos 18, exceptuando, provavelmente, o Burkina Faso, pelas condições climatéricas, e o Uganda, por via dos sucessivos genocídios levados a cabo por razões ainda não totalmente identificadas publicamente, terão algumas razões para se comportar como não pagadores dos seus compromissos internacionais.
Esse pagamento representaria, de resto, uma afirmação de dignidade e soberania nacionais que a todos honraria.
O escândalo aumenta quando percebemos que na lista seguinte - passível de novos perdões - se encontram países como Angola, Costa do Marfim, Camarões, Congo, Somália, Sudão e Togo.
Esta resolução, que encheu de contentamento os ministros das finanças do grupo "G-8", não tem uma referência, um prémio, para os países que, sendo efectivamente pobres, sempre se esforçaram por cumprir os seus compromissos e, para isso, obrigaram os seus cidadãos a comportamentos responsáveis, plenos de sacrifícios e - por isso também - mais dignos.
Esta decisão é um prémio à corrupção, ao roubo institucionalizado, à exploração desenfreada, ao conluio entre as elites nacionais e as instituições internacionais que prestam assistência, que distribuem verbas ou bens pagos por todo o Mundo.
Esta resolução não resolve problema nenhum. As elites dos países da primeira lista vão ficar mais ricas e prolongar a ocupação do poder de decisão sobre todas as matérias que dizem respeito aos respectivos povos e as da segunda vão tentar perceber, antecipadamente, como desviar em seu próprio benefício os perdões que vão chegar, e com, isso consolidar, igualmente, os esquemas de domínio do poder político nacional.
Mais do que isso: este perdão é, de facto, uma tentativa de construir um esquema institucional de intromissão na gestão de cada um destes países governados por verdadeiros gangs de ladrões.
É interessante verificar que países como Cabo Verde não fazem parte de nenhuma das listas. Sempre cumpriram com os seus compromissos e mantiveram acesa a luta por dignificarem a sua condição de países independentes. Por isso vão ter que continuar a lutar com as suas próprias armas, primeiro contra a organização internacional que favorece a corrupção e depois contra os seus congéneres que não apreciam particularmente o seu modelo da honestidade.
Pode não servir como comparação, mas ela aí vai: é como, quando, em Portugal, um governo se lembra de lançar um perdão fiscal sobre os contribuintes não cumpridores. E os outros? Ficam assim, sem direito a nada e com a obrigação de financiar a corrupção, a irresponsabilidade, a ladroagem daqueles, que, muitas vezes, não se inibem de, com os seus automóveis de topo de gama, passarem propositadamente nas poças de lama e salpicar o coitado que vai a pé porque toda a vida pagou as suas obrigações.
Olhamos par a lista e não podemos deixar de ficar surpreendidos. Nenhum dos 18, exceptuando, provavelmente, o Burkina Faso, pelas condições climatéricas, e o Uganda, por via dos sucessivos genocídios levados a cabo por razões ainda não totalmente identificadas publicamente, terão algumas razões para se comportar como não pagadores dos seus compromissos internacionais.
Esse pagamento representaria, de resto, uma afirmação de dignidade e soberania nacionais que a todos honraria.
O escândalo aumenta quando percebemos que na lista seguinte - passível de novos perdões - se encontram países como Angola, Costa do Marfim, Camarões, Congo, Somália, Sudão e Togo.
Esta resolução, que encheu de contentamento os ministros das finanças do grupo "G-8", não tem uma referência, um prémio, para os países que, sendo efectivamente pobres, sempre se esforçaram por cumprir os seus compromissos e, para isso, obrigaram os seus cidadãos a comportamentos responsáveis, plenos de sacrifícios e - por isso também - mais dignos.
Esta decisão é um prémio à corrupção, ao roubo institucionalizado, à exploração desenfreada, ao conluio entre as elites nacionais e as instituições internacionais que prestam assistência, que distribuem verbas ou bens pagos por todo o Mundo.
Esta resolução não resolve problema nenhum. As elites dos países da primeira lista vão ficar mais ricas e prolongar a ocupação do poder de decisão sobre todas as matérias que dizem respeito aos respectivos povos e as da segunda vão tentar perceber, antecipadamente, como desviar em seu próprio benefício os perdões que vão chegar, e com, isso consolidar, igualmente, os esquemas de domínio do poder político nacional.
Mais do que isso: este perdão é, de facto, uma tentativa de construir um esquema institucional de intromissão na gestão de cada um destes países governados por verdadeiros gangs de ladrões.
É interessante verificar que países como Cabo Verde não fazem parte de nenhuma das listas. Sempre cumpriram com os seus compromissos e mantiveram acesa a luta por dignificarem a sua condição de países independentes. Por isso vão ter que continuar a lutar com as suas próprias armas, primeiro contra a organização internacional que favorece a corrupção e depois contra os seus congéneres que não apreciam particularmente o seu modelo da honestidade.
Pode não servir como comparação, mas ela aí vai: é como, quando, em Portugal, um governo se lembra de lançar um perdão fiscal sobre os contribuintes não cumpridores. E os outros? Ficam assim, sem direito a nada e com a obrigação de financiar a corrupção, a irresponsabilidade, a ladroagem daqueles, que, muitas vezes, não se inibem de, com os seus automóveis de topo de gama, passarem propositadamente nas poças de lama e salpicar o coitado que vai a pé porque toda a vida pagou as suas obrigações.
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