quarta-feira, maio 04, 2005

Presidente-Polícia

A iniciativa de Jorge Sampaio de andar na estrada a ver como os portugueses conduzem, a acompanhar os polícias, a ver como eles multam os prevaricadores tem um lado preverso: o presidente está atrás da Comunicação Social. O tema é recorrente sobretudo nas trelevisões, mas também nas rádios e nos jornais, que, normalmente, publicam os números que a GNR e a PSP lhes fornecem, sem qualquer critério, sem nenhum tratamento.
Para aquelas forças policiais, os condutores são sempre os culpados. Ou porque andam depressa, ou porque conduzem com alcool a mais. Não há mais culpados, como, por exemplo, as más estradas a sinalização anedótica ou a falta dela e a própria ausência da autoridade nas estradas, a quando de situações perigosas ou confusas.
As televisões, sobretudo, "adoram" um "bom" desastre, com muito ferro torcido, muito sangue espalhado pelo chão e muita gente a chorar. Ficam com imagens para dois ou três dias de noticiários.
Por outro lado, as chamadas forças da ordem adoram as épocas altas, porque aparecem sempre na televisão, com aqueles bonés ridiculos a debitar números à toa, sem nenhum termo correcto de comparação, como se cada Páscoa se pudesse comparar com a anterior, o mesmo para os Natáis, paras as férias, para os fins de semana prolongados.
Que autoridades são estas que não têm ninguém capaz de ler estatísticas?
Que autoridades são estas que vão para a estrada para emboscar os cidadãos, aqueles mais pacatos, cumpridores, mas que, por um qualquer discuido pisam um traço contínuo, ultrapassam os 120 kms à hora sem ningém mais na estrada, a não ser o radar emboscado?
Que presidente é este que vai para a estrada defender a emboscada, o disfarce da polícia, ao contrário de uma presença efectiva, visível, da autoridade sem medo dos verdadeiros prevaricadores, os que provocam os tais desastres de que as televisões tantos gostam, mas que as polícias nunca apanham?
Democracia também é isso: lisura das polícias para com os cidadadãos. Este presidente-polícia esqueceu as regras básicas da democracia: as polícias existem para defender os cidadãos e não para os emboscar e tentar surpreender, arrancando-lhes uns cobres porque não cumpriram uma pequena regra de um conjunto de leis - o código da estrada - ele mesmo uma emboscada.
Claro que as televisões, os jornais e as rádios estão a adorar esta presidência policial aberta. E o presidente lá tem mais um tempo de antena.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não tenho palavras, esta aqui tudo.