Antes de ser um país de imigração como hoje já é - e dificilmente deixará de ser - Portugal foi, primeiro, uma terra de marinheiros, comerciantes, exploradores, viajantes e, depois um local de onde se fugia, se emigrava.
É justo pensar que todas estas circunstâncias tenham gerado em todo o Mundo núcleos de portugueses, de luso-descendentes, de gente com a memória de um ou mais portugueses na história da sua família.
Parece curial imaginar que esta proliferação de gente descendente de um minúsculo povo, espere e mereça um tratamento especial da parte de quem cá vive e, sobretudo daqueles que nos governam. Especialmente neste tempo de comunicação global, feita em tempo real, nesta época de globalização - um conceito novo para uma prática antiga.
Deveria, aliás, esperar-se que os governantes de Portugal projectassem as suas preocupações também para fora das fronteiras nacionais e conseguissem imaginar a Nação Portuguesa espalhada pelas sete partidas ( à semelhança do que conseguem os judeus de Israel, com os resultados que se conhecem).
Reconheço que é pedir muito a quem chega ao poder sempre com a caderneta da mercearia em atraso, mas uma pequena preocupação ficava-lhes bem...
Refiro-me às antenas internacionais da RTP. Uma delas, a de África pode ver-se em Portugal. Quer dizer: podemos ficar enjoados mesmo em Lisboa, no Porto, em Coimbra, no Algarve, no Alentejo, no Minho, etc. Basta ter TVCabo e ligar o canal respectivo. Aquilo é, de uma forma geral, um verdadeiro nojo.
Para quem viaja e resolve procurar nos hotéis por onde vai ficando a RTP Internacional, trata logo de desligar para não sair à rua envergonhado. Esquece e pronto. Já não está lá quem falou...
Ora, isto deve-se, seguramente, à política que tem vindo a ser seguida pelos vários CA's da RTP e também de algumas direcções de programação e informação.
Por exemplo: quando o Emídio Rangel chegou à direcção da RTP percebeu mal as contas e julgava que ao tirar autonomia à direcção das antenas internacionais, podia utilizar os orçamentos que lhes estavam atribuídos. Engano puro. A maior fatia era para o pagamento de satélites, pelo que a junção de todas as direcções resultou em grandes perdas para a programação internacional.
Hoje em dia, as chamadas antenas internacionais têm autonomia apenas para programar três ou quatro horas de emissão. O resto, o verdadeiramente inenarrável de tudo quanto é velho e revelho, de programas racistas, ofensivos mesmo, vem de outros canais, que para ali despejam todo o lixo possível e imaginário.
A imagem deste país no exterior, entre as comunidades ligadas de alguma forma à língua e à expressão portuguesas, e que neste momento tem um governo que se quer afirmar através de um choque tecnológico, é a de um sítio bonito mas muito mal frequentado, cheio de atrasados mentais e realidades pré-históricas.
Ora, nós sabemos que, felizmente, não é assim, pelo que é justo e curial afirmar que o actual Conselho de Administração da RTP está a cometer um "crime de lesa-pátria" e já devia ter sido chamado à pedra pelo ministro da tutela, o prof. Augusto Santos Silva. De resto, não seria mal pensado que o Ministério dos Negócios Estrangeiros não deixasse de fazer sentir algum incómodo pela situação das chamadas antenas internacionais da RTP
1 comentário:
Mas que outra imagem poderíamos dar "lá para fora" se não a imagem que temos cá dentro? Vejo com alguma frequência a TV5 (francesa) que é exactamente um "canal para o exterior ver", e que diferença senhores! Mesmo que os quisesse-mos imitar, iríamos exportar o quê? A Quinta? Os Malucos do Riso? As Batanetes e as novelas brasileiras? Claro que também temos o Brandão Lucas, o Hermano Saraiva, a Ana Sousa Dias e alguns mais, mas esses mesmo cá são tão pouco vistos...
O vosso blog é catita e já o incluí nos meus links. Espero que o número de comentários que têm não espelhe o número de visitas. Sería uma pena.
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