A chamada comunicação social ( sobretudo a televisão) é hoje o principal meio de agressão dos cidadãos que se disponibilizem a dar-lhe atenção.
Para esses, as doses estão calculadas: todas as televisões generalistas têm jornais de horas certas: das 13 às 14 h e das 20 às 21 horas. Uma hora certa de notícias, dê por onde der.
Há uma das televisões de canal aberto, a SIC, que termina o telejornal das 13 sempre às 14 (em ponto), porque a essa hora principia a série do cão polícia REX, que, nem o facto de ir já na enésima repetição lhe retira o mérito de ser melhor do que a hora inteira de notícias e palhaçadas, apresentadas com o ar de coisa importante que todos os pivots dos jornais televisivos fazem para introduzir mais um desgraça, um desastre ou uma violação.
Este é outro dos aspectos caricatos dos telejornais : o ar compungido, sério, trágico, que os apresentadores de notícias das nossas televisões fazem para ler os telepontos. Com um pouco de atenção percebe-se que a responsabilidade que o espectador lhes atribui não existe, mesmo quando o dito leitor é o próprio director de informação.
O texto é o mesmo de todas as outras e foi fornecido pela mesma Agência, normalmente, a Lusa, que já fez o trabalho de tradução - e agora até imagens fornece.
Quando ficamos minimamente atentos percebemos que aquele ar interessado que o José dos Santos ou o José Alberto, ou a Clara não sei quantos e o Rodrigo Carvalho e mais a Alberta e até o Henrique Garcia... fazem é apenas representação. Não têm nada a ver com os textos, não visionaram nada antes, não têm e a mínima responsabilidade do que leêm ou das reportagens que introduzem.
Apenas têm que aguentar o jornal o tempo determinado. Depende da publicidade que têm ou não têm - e da que o patrão gostaria de ter e da que a concorrência exibe. E se, para estar no ar mais cinco minutos têm que ouvir um iditota qualquer que foi apanhado desprevenido na rua, então ouça-se o idiota!
Bem poderiam aparecer com outro ar, mais descomprometido - é que ainda há gente que acredita nas notícias que leêm. Esta crença complica tudo, quando aparecem com a mesma cara interessada e até com a mesma gravata a dar voz a coisas realmente importantes. Ao menos, mudem de cenário, de guarda-roupa ou tão só de gravata!
Para o caso de alguém que me lê achar que exagero, um pormenor: há cerca de um mês, soube que, finalmente, a NASA tinha conseguido pôr no ar um avião que consome como combustível o hidrogénio da atmosfera e anda a uma velocidade de 10.000 quilómetros por hora porque vi o Telejornal do GNT às 00H15. Foi a notícia de abertura daquele canal da Globo. Algém viu essa notícia na Televisão Portuguesa?... AS IMAGENS DEVIAM SER MUITO CARAS.
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