Vejo as imagens vindas de Santiago e não posso deixar de me angustiar com a alegria estampada naqueles rostos de chilenos que, apesar de tudo, ainda têm alguma esperança. Esperança de que a morte dos seus mais queridos seja - ao menos! - lembrada.
É uma alegria que me angustia porque, afinal, o fascista ditador Pinochet é apenas acusado de 1 crime de homicídio e 9 de rapto.
A seguir, mais demoradamente, mostram o homem a quem chamam ex-ditador e a encenação que a sua gente faz para o exibir doente, incapacitado, coitado. As imagens demoram o tempo suficiente para lhe ver os olhos matreiros, como que a gozar o espectáculo.
São uns olhos que me fazem esquecer a angústia e me lembram todos os horrores que já vi descritos sobre os resultados das suas ordens a hordas de criminosos. Porque é que um monstro daqueles é apenas detido em casa e o Mundo lhe chama "ex-ditador"?
Nem no Inferno deixará de ser chamado de ditador, tirano, assassino! As agências noticiosas deviam ser mais rigorosas e chamar as coisas e os horrores pelos seus nomes: um ditador é sempre um ditador
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