A Solidariedade Natalícia transformou-se em operação de marketing de imagem. Faz parte dos manuais de qualquer assessor : o Natal é uma época excelente para fazer passar a ideia de que as grandes empresas não existem apenas para capitalizar lucros, fugir aos impostos, arrecadar percentagens excessivas dos índices de produtividade alcançados por toda a sociedade em que e de que vivem. Não. Elas também são solidárias com as desgraças que fomentam ao longo de todo o ano. Desempregam e desalojam gente, exploram o trabalho até ao limite do possível, sugam as capacidade do Estado, obrigando-o a privatizar os serviços que dão lucros, depois de livres das despesas de caracter social, etc., etc. E, na época natalícia (ou natalina, como dizem os brasileiros), aparecem vestidos com a capa de solidariedade, a divulgar as suas preocupações com a desgraça dos outros...
Este Natal a preocupação atingiu o limite da hipocrisia e já parece uma anedota de mau gosto, contada no Ri-te Ri-te da SIC.
O presidente da BES , Ricardo Salgado, ele mesmo em pessoa, apareceu numa das televisões nacionais, de canal aberto, a divulgar a sua brilhante ideia: abriu uma conta no seu banco para que as pessoas se solidarizem com os desgraçados, com os enjeitados, com os desprotegidos da sorte, com as criaturas que não conseguiram resistir às pressões que a Banca, no seu conjunto, desenvolveu durante o resto dos dias deste e de todos os outros anos em que todos eles ficaram cada vez mais ricos.
Esta operação vergonhosa de marketing de imagem só se percebe num contexto de senilidade de de mau aconselhamento. Porque não aparece o dr. Roberto Salgado a fazer uma verdadeira notícia, anunciando que o seu banco disponibilizou uns tantos dos muitos milhões que ganhou durante este ano apenas em operações de off shore ou em contratos que obrigaram empresas que controla de forma ilícita para assistência dos muitos dos sacrificados no seu próprio altar de lucros desenfreados?
Assim, sim, estaríamos a assistir a uma operação de genuína solidariedade e não apenas a mais uma manobra de marketing de imagem, associada a um último esforço para compôr os números do ano de 2004.
Depois de uma destas só resta um conselho: mude de assessor de imagem, mas não contrate a JLM & Associados porque essa também está a cobrir de ridículo algumas das grandes empresas deste país. Além de que já obrigou o dr. Ricardo Salgado a aceitar como presidente da Lusomundo o Luís Delgado...
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