Ouvimos as preocupações dos políticos e não podemos deixar de ficar preocupados: é que eles não vão além da descrição de estados de alma. E são sempre relativos aos seus adversários políticos, contextualizados no actual estado de coisas, um enredo que nunca mais tem fim. O Mundo dos políticos é um mundo à parte - só deles - mas que perturba a vida de toda a gente. O pobre mortal, que não faz política, que não conhece nenhum político, mas que os vê e ouve todos os dias nas televisões e nas rádios, tem um quotidiano angustiado.
Aquilo que ouve nunca encaixa na sua realidade, os problemas de que se fala não são os seus problemas e por mais foruns de opinião que se abram nas várias frequências públicas, ninguém o ouve.
A nossa é uma democracia de monólogos. A Nação não se entende com o Estado.
A Nação gostaria de ouvir os gestores do Estado, ou candidatos a isso, dizer que vão recuperar a nossa indústria, a nossa agricultura, a nosssa pesca, que vão acabar com os diversos tipos de exclusão e que não vão permitir que a Europa, de que fazemos parte e nos respalda dos disparates dos tais políticos, não nos vai transformar em mordomos, em homens e mulheres a dias daqueles que de facto mandam na Europa.
Daqueles que , tendo sido o ponto de partida para os tais fundos de coesão que nos ajudaram a sair da pobreza gerada nos tempos do fascismo, são também o ponto de chegada para grande parte desses mesmos fundos.
O que os portugueses gostavam de ouvir era uma declação de confiança em todos eles, de respeito pelos seus direitos, pela sua cultura, pela sua forma de estar na vida.
Estou seguro de que mesmo aqueles que vivendo longe e há muito tempo haveriam de recuperar o seu gosto e o seu orgulho de serem portugueses, se a política em Portugal deixasse de ser uma espécie de busca sistemática, e sempre frustrada, do homem providencial e se transformasse num instrumento de refundação de uma vontade nacional forte, mas assente no respeito pelos direitos de todos nós e não apenas nos privilégios de meia dúzia.
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