Em Portugal ninguém se demite. Toda a gente aguarda a demissão, de papel passado. Dá garantias, indemnizações, reparações futuras, novas funções outros cargos e, "se Deus quiser" novas demissões. Não admira, portanto que o Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) tenha recuado na sua demissão depois de o governo se ter apropriado indevidamente dos valores do fundo de pensões dos trabalhadores da instituição.
Este recuo é ainda mais perceptível ao cidadão normal se ele entender os poderes de um membro do Conselho de Administração ( CA) do mais importante grupo financeiro de Portugal.
Apenas uma estória simples: Celeste Cardona , ex-ministra da Justiça, esposa de uma deputado europeu, sócia de uma firma de advogados especialista em encontrar saídas para as fraudes fiscais, logo a seguir aos primeiros dias da sua nomeação para membro do CA da CGD reuniu alguns directores responsáveis pela resolução de hipotecas nas Caldas da Rainha e disse: "há o caso do F... , em Óbidos, que é preciso ser resolvido...".
E foi. Tratava-se de uma hipoteca. A Caixa perdeu uma percentagem substancial do valor do bem hipotecado que voltou à posse de F...
Um poder destes não pode trocar-se pela palavra de um compromisso. Em nome do patriotismo, do interesse nacional ( estamos com sorte que já não se evoca a defesa nacional) , os srs. administradores continuam em funções. O próximo governo, se os quiser demitir, terá que lhes pagar as indemnizações previstas nas linhas e nas entrelinhas dos contratos, feitos e assinados a pensar no papel passado da demissão.
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