sábado, dezembro 18, 2004

O Beneficiário do Regime Durão-Santana

Um dos jornais de hoje avança com a ideia de que o empresário Pereira Coutinho pode vir a comprar a Lusomundo.
Depois que A JLM, por intermédio de Luís Delgado e Mário Bettencourt Rezendes tomou conta daquele activo da PtMultimédia, beneficiando da acção política de Morais Sarmento, que ameaçou o BES de mandar retirar daquele Banco todas as contas do Estado e das empresas públicas, no caso de aqueles administradores não serem aceites (v. post anterior: "Administradores-Comentadores" e respectivo comentário)... desde essa altura que se têm visto na praça muitos potenciais compradores.
Mas este nome nunca tinha aparecido, pelo menos publicamente... Ao aparecer agora, naquele que parece o último fôlego do regime Durão-Santana, pode significar jogo perdido para os outros, inclusivé para a PTMultimédia e, por conseguinte para a PT, cujos accionistas, ou estão demasiado longe ou demasiado distraídos para perceberem as jogadas que por aí vão.
Pereira Coutinho é o mesmo que comprou a Quinta da Falagueira, que desenhou e já vendeu as urbanizações da Artilharia 1 e do ex-Colégio dos Maristas, beneficiando das mais valias do Túnel do Marquês, pagas pelo dinheiro de todos os contribuintes.
Ao propor-se como candidato à compra da Lusomundo tem a companhia de Morais Sarmento e outros políticos do actual circo político - o que quer dizer que um leque importante de órgãos de comunicação social sai da esfera de um grupo económico poderoso, mas respeitável, e ainda com alguma intervenção de um accionista - o Estado - que tem a obrigação de manter as distâncias necessárias, para a de um grupo económico que joga, aparentemente, na troca de favores e no compadrio político.
Por isso se estranha que o actual secretário-geral do PS, numa aparente posição de ignorância do jogo que se joga entre a JLM, Luís Delgado, Morais Sarmento e os eventuais financiadores de tal compra, venha defender que a PT se deve libertar da Lusomundo. A favor de quem?
O que deve ser defendido, antes de mais, é a clarificação dos interesses que se jogam através da João Líbano Monteiro e Associados, bem como de toda a rede dos seus interesses ( em que se incluem antigos e actuais ministros do PSD), com a colocação de gente sua em todas as grandes empresas ainda ligadas ao estado, mesmo que seja apenas por simples golden shares.
Defender a venda da Lusomundo nas actuais circunstâncias é favorecer, seguramente, o aparecimento de mais um grupo de comunicação social virado apenas para a defesa dos seus interesses.
Que os políticos não se queixem depois que o poder da comunicação social fragiliza o poder político. É que o poder económico paga ... enquanto o poder político aposta na sua capacidade de manipulação pela militância. Onde é que isso já vai?!

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