sexta-feira, dezembro 10, 2004

Clandestinidades do Nosso Tempo

Hoje em dia ninguém pensa em organizar um grupo político na clandestinidade. A democracia assenta na possibilidade que toda a gente tem de se juntar aos Partidos políticos existentes ou - se tiver força e influência para isso - fundar um outro, desde que cumpridas as necessárias formalidades legais. Digamos que, em matéria política, não há lugar para clandestinidades.
Todavia, a sociedade não é clara a todos os níveis e alguns dos que não são completamente claros atravessam a política, originando situações verdadeiramente inacreditáveis, quando olhadas às claras.
Não estou a falar da tendência portuguesa para uma certa prática do nepotismo, do amiguismo, etc., nem mesmo dos corredores que os dinheiros escuros percorrem para chegar sempre às mesmas bolsas.
Falo da necessidade urgente de o novo Parlamento, a sair das próximas eleições, aprovar, o mais depressa possível, uma lei que permita o casamento entre casais do mesmo sexo. Só desse modo a sociedade pode ficar livre da clandestinidade mais aberrante do nosso tempo.
Que os homossexuais tenham direito à família para nos salvarem de situações como as que, à boca pequena - trata-se de clandestinidades - se vão contando: ministros e secretários de estado ou chefes de gabinete a partilharem responsabilidades políticas e a cama; directores e directores adjuntos a partilharem opiniões e decisões de dia e noite, a todas as horas, situações que a ética por que se regem os casais heterossexuais impede que aconteçam.
Ao contrário do que possa parecer não estou a querer saber quem dorme com quem, estou apenas a defender o direito que os homossexuais têm de viver na plenitude os seus amores e o dever de a sociedade se organizar de forma cada vez mais transparente. Já nos bastam os lobis ilegais que já começaram, seguramente, a apertar o cerco a um eventual novo poder.

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