quinta-feira, dezembro 23, 2004

A "Season" da GNR

"Começou a operação Natal" - ouve-se em todas as Rádios. Mil e não sei quantos agentes da GNR vão para a rua - lê-se nos jornais. Teve início a "season" da GNR-BT - digo eu.

Com que ansiedade alguns dos majores e capitães da corporação não mandam limpar as fardas, os bonés, engraxar as botas. Os tempos de antena deles estão a chegar - para dizerem sempre as mesmas coisas.
Eu só os vejo nas televisões ou em locais estratégicos, naqueles onde, habitualmente, não há dificuldades de circulação, em operações de verdadeira caça às multas e a mandar parar, sempre, os cidadãos com aspecto de cumpridores. Em toda a minha vida nunca vi um GNR a aparecer no momento certo, quando um daqueles desvairados que andam na estrada faz tropelias durante quilómetros e quilómetros, pondo em risco a sua própria vida e a de todos os outros que com ele se cruzam.
A BT da GNR nunca está nos sítios onde há dificuldades, para ajudar os cidadãos, como compete a uma polícia de um país democrático. A BT da GNR ainda não conseguiu ultrapassar a noção de autoridade que lhe foi atribuída a quando da sua formação. É verdade que hoje cumprimentam com ar educado (fingido, irónico) o incauto apanhado nas emboscadas que eles montam, escondidos atrás de um carro, de uma árvore ou a bordo de potentes viaturas com sofisticados meios tecnológicos, mas, no fundo, apenas conhecem a repressão como meio de actuação.
Agora, que a" season" deles voltou, vão continuar a acusar os condutores dos mais variados erros, generalizando o conceito de que são todos uns prevaricadores. Jamais referem as más condições das estradas, a deficiente sinalização ou a evidente armadilha de um código completamente desajustado da realidade e que nos obriga a viver uma hipocrisia colectiva para a qual aquela instituição contribui denodadamente.
Enfim... lá vamos ter que os aturar mais um ano, debitando números sem interesse nenhum uma vez que não têm um termo de comparação ajustado. De que interessa saber o número de desastres ocorridos na época de Natal, se o termo de comparação é o Natal anterior e nunca um período de tempo igual em circunstâncias normais? O número que ultrapassasse as condições normais é que seria atribuído ao Natal, e serviria de comparação com os outros Natais.
Os homens de farda impecável, de boné de apresentador de circo e de botas de montar muito engraxadas, mais os bustos falantes das televisões (às vezes caras larocas de cabelos ao vento) vão começar a invadir-nos o sossego das nossas casas para nos assustar, para nos impressionar e nunca para nos ajudar, para serem úteis. Para eles, UMA BOA "SEASON".

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