Os incêndios em Portugal têm várias origens, diversas explicações, mas há duas sobre as quais não restam dúvidas e que recorrem ao mesmo método: fogo posto.
Há os que recorrem a ele por simples prazer, por algo que pode ser identificado como terrorismo, já que tem como único objectivo a destruição. É gente perturbada, muitas vezes - a história não deixa dúvidas - trabalham e são militantes das corpoprações de bombeiros - ( tal como a fronteira entre o polícia e o ladrão é ténue, ela também é frágil entre o bombeiro e o incendiário).
Há outro tipo de incendiário, aquele que quer os seus 15 minutos de fama, de celebridade: ao incendiar o que quer que seja, desde que a televisão apareça e dê notícia, é ele que ali está. É a sua obra ou a sua terra que são faladas.
São casos patológicos, alimentados pelo gosto que as televisões têm pelas imagens das chamas. Desede que haja incêncio há abertura de telejornal, há espaço para tiradas poéticas, apontamentos de reportagem cheios de colorido.
São os repórteres do fogo, fazem o apelo ao fogo, ao crime. Eles, que são destacados para o terreno, como uma espécie de heróis com capacidade para ouvir as vítimas, falar com o bombeiro que "há mais de 24 horas luta contra as chamas" e fazer o retrato dos "soldados da paz" exaustos. Sem os incêndios aqueles pedaços de prosa rebuscados não existiriam.
Tudo isto para dizer que as nossas televisões - aquelas que temos, que Cavaco que nos deu - são, em grande parte, responsáveis pelo aumento espectacular do número de incêndios que acontecem em Portugal.
Há, todavia, outras razões, mais substanciais, que aproveitam a televisão, os bombeiros e os tresloucados, capazes de deitar fogo à própria casa para aparecer na televisão, ainda que de forma projectada.
Estas é que deveriam começar a ser analisadas com algum cuidado pelas autoridades. É que os incêndios de Verão correspodem - quase sempre - a uma recomposição do sistema fundiário. Nas zonas onde os incêndios acontecem com muita frequência - é só olhar o mapa - também está a acontecer uma concentração da propriedade.
Os pequenos proprietários de pequenos pinhais, normalmente a viver em grandes centros urbanos, que iam buscar aos pinheiros vendidos uns extras para obras na casa de Lisboa ou do Porto, para o casamento da filha, para uma viagem, rapidamente percebem que o tal pinhal que o avô deixou pode ser - ou já é - fonte de aborrecimentos. O melhor é vender.
Veja-se o que acontece nas regiões do pinhal. Compare-se.
Os jornalistas que se apresentam aos olhos do povinho como heróis, ali à mão de sememar das chamas, deviam perder mais tempo a investigar a recomposição da propriedade, por exemplo, nos distritos de Castelo Branco, Coimbra, Viseu, etc.
Um última nota: os ingleses resolveram impedir o acesso a jornalistas dos locais onde deflagraram bombas no metro e num autocarro, resultado, ao que tudo indica, de uma acção terrorista. Acho que o Ministério da Administração Interna deveria proibir a captação de imagens dos incêndios que ocorrem todos os verões em Portugal. Na sua maioria - embora por razões diferentes - são actos de puro terrorismo. Não merecem publicidade- não a devem ter.
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