Parada, a sorrir, de carapinha em tranças, aquela criança, quando por ela passei, estendeu-me a mão. De olhos negros, enormes, a rir
Era uma rua de Lisboa, apinhada de gente.
E ela, ali, a olhar para mim. A mãe - percebi depois- conversava com uma amiga. Problemas, confidências, troca de esperanças. A pequenita estendeu-me a mão, pequenina!!!
Segurei-a e ela pôs-se a caminhar junto a mim.
Assustou-se, a mãe. Quase ralhou, mas, no ar, ficou, apenas um gesto, a surpresa. E veio o sorriso. A filha tinha, afinal, conquistado, com a sua simpatia, simplicidade e desejo de ver o resto da cidade, um estranho, um cidadão vulgar, encantado com o gesto: "vem comigo, leva-me contigo..."
É assim, a nossa cidade, sem lugar para recusas ao mundo, aos outros que chegam e partem. Ficam para ganhar a vida ou viver a vida connosco porque gostam de nós.Somos um porto virado a Sul, ao Sol. À vida. Festejemos e demos as mãos a todas as crianças. Ensinemos-lhe o caminho da ternura, da solidariedade. Elas saberão responder construindo uma cidade sem lugar para exclusões, para os tribunos do ódio, da fanfarronice, da arrogância, da pobreza de carácter.
Façamos das crianças da nossa cidade, de todas as crianças, a razão das nossas vidas. Depositemos em suas mãos não apenas o futuro delas mas o nosso presente. E assim nos sentiremos - todos - mais dignos delas e de nós também.
Sem comentários:
Enviar um comentário