sábado, agosto 27, 2005

VIANDÂNCIAS

Na semana passada estive para ir a Almada. Não passei de cacilhas.
Para lá chegar foi necessário, primeiro, perder um comboio, depois esperar 47 minutos por outro mais pequeno e pachorrento.
Na Gare do Oriente, quem não tem curso e experiência geográfica perde-se. Não foi o meu caso. que cheguei ao «Metro» quase com facilidade. Falei com a máquina para comprar um bilhete de dez viagens. A maquineta não queria conversa, só queria dinheiro, como dantes queriam as queridas do muceque do bairro alto!
Na Alameda hesitei entre subir e tirar fotografias à fonte luminosa. Ao meio dia, em geral a fonte não tem água, nem luz, nada!
Apanhei outro «metro» e desembarquei no Camões. Fui ver os turistas de falas esquisitas a sentar-se ao lado do tal Fernando de pedra e tirar fotografias. Como calculam o meu objectivo era apanhar o barco, no Cais do Sodré. Desci, a pé, a rua do Alecrim, perdão. Antes fui almoçar num jardim, que vinha no guia turístico, o jardim, claro, não era o almoço, que se comia numa mesa no meio do caminho, com vistas para as costas do Almourol ?! Nada disto. As costas era do
Adamastor, de que falava o Fernando, do Camões.
O bacalhau estava bom. O Adamastor olhava para o rio. Um senhor na mesa do lado estava a dizer que o Adamastor não existia senão no medo dos marinheiros. Aquilo estragou-me o almoço: se o gigante não existia, porque é que os marinheiros tinham medo dele?
Com essa interrogação fui andando e, agora sim, desci para o Cais do Sodré por aquela rua que disse há bocado.
No largo tinha estação de comboio. Uma vez andei naquele comboio. Lembrei-me de repente que foi antes daquela estação ter caído. Quando ela caiu, eu não estava lá, mas lembro-me de ter ouvido, na telefonia. Agora estava boa, não estava caída. Não faz diferença, não serve para nada.
Primeiro perguntei a um polícia, depois a um bombeiro e por fim a uma senhora, que ia com duas crianças, qual era o barco para Cacilhas e quando fiquei convencido meti-me no barco e sentei-me perto de uma boia.
Entrei num café e comprei dois postais com vistas para mostrar aos amigos quando regressar a casa. A minha casa também tem vistas e quando há fogo eu vejo o fumo. Fui andando pelo paredão em direcção ao elevador. No café tinham-me dito que fosse andando e quando chegasse ao elevador, subisse, que estava em Almada. Estava a ficar escuro e do outro lado do rio viam-se muitas luzes. Para a frente era escuro e comecei a pensar no Adamastor.
Foi por isso que não cheguei a Almada. E para o ano, se tiver saúde, hei-de ir de férias a Sintra.
Saio de véspera e durmo aí pelo Cacém e vou-me regalar com queijadas, olá se vou...

1 comentário:

Anónimo disse...

Como sempre muito bom texto, "Kota" Rafael!