segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Sócrates Ralha Com Quem?

Recordo-me bem dela. Chamava-se Lourdes e o marido trabalhava num Banco. Tinha uma filha da minha idade. Foi minha professora na Escola Primária durante quatro anos seguidos. Entrava na sala de aula, numa Escola da Rua dos Combatentes em Coimbra, perto do sítio onde andavam a construir o Estádio Municipal, uma antiga garagem, e não um daqueles edíficios esmagadores do estado novo e ainda vinha lá no átrio e já vinha a ralhar.
Ralhava e batia. Tinha uma palmatória, a chamada "menina de cinco olhos", redonda, com cinco furos e, porque não estava para ser ela a bater, arranjava algumas maneiras de nos pôr a bater uns nos outros. Não havia raparigas. A Escola feminina era na outra porta ao lado.
Sempre me lembro dela quando o engº. Sócrates aparece na Televisão ou o ouço na Rádio. Está sempre a ralhar. Oh! Homem, deixe de estar zangado. O país está mal, mas sempre esteve assim. Procure ser mais simpático e - dessa maneira - talvez nós acreditemos mais em nós mesmos-
Oh! Engº., o sr. nem imagina o esforço que todos tínhamos de fazer para aprender alguma coisa com aquela senhora professora, que, ainda por cima, levava a filha à sala de aula para a exibir, primeiro, porque a miúda era linda e , depois, porque sabia tudo quanto ela lhe perguntava.
O povo não tem culpa de há séculos ter elites desonestas, trapaceiras e ignorantes. Fique calmo. É que, a mim, por exemplo, ainda me custa pensar naqueles quatro anos dolorosos, quase tanto como outros tantos, os da tropa, onde descobri outra cáfila de vigaristas, que, em nome da Pátria, abriam contas frescas nos Bancos da " metrópole".
Oh! Senhor eng., pela sua avózinha, que há-de ter estórias ainda piores que as minhas para contar, sorria, fale em sossego, explique bem as coisas e não dê a ideia ao povo de que "esta coisa de governar é uma coisa muito difícil, temos sempre de estar a gemer..." Vá lá, keep cool".

2 comentários:

xatoo disse...

o Engenheiro não está zangado. A meu ver aquilo é um estado de tensão permanente quando em directo na TV (sindrome TPQDTV)- imagine-se algumas das pessoas comuns como nós procurando transmitir ideias que dê o aspecto de alguma coerência sobre realidades inexistentes. Dificil, não?

Anónimo disse...

o "engenheiro" não sabe falar de outra maneira...porque nunca trabalhou, quando fala, julga que está num comício...