sexta-feira, fevereiro 03, 2006

A Tábua Rasa da Recuperação Económica

A Recuperação económica tem sido o livro nunca acabado de todos os governos dos últimos trinta anos. Nunca acabado porque não escrito e nunca acabado por nunca lido. É um eterno recomeço de escrita e leitura.
É um dos nossos males: sempre que chega alguém ao poder age como se para trás não houvesse nada. O seu objectivo é a montra dos quatro anos seguintes. Quer chegar ao fim da legislatura e ter argumentos para voltar a ganhar eleições.
Nas últimas semanas o governo de Sócrates tem anunciado programas em cima de programas, tendo em vista a tal recuperação económica. E em que consistem tais programas? Na criação de novas empresas, na concessão de créditos para coisas novas, para gente nova. E as outras, e os outros ?
Aqueles que tiveram que suportar nos últimos anos as sucessivas crises, fruto de más políticas, de má governação e que se veêm, de repente, como espectadorees de um novo circo, de um novo filme em que o seu enredo nem sequer conta.
Que fazer com as empresas (pequenas e médias) que, em consequência dos sucessivos maus anos têm dificuldades tremendas com o fisco, com o pagamento de salários, com os custos das reestruturações?
Os empresários, que bem ou mal, foram cumprindo, assumindo compromissos, explicando as razões por que não os puderam cumprir todos, ouvem falar em planos de reestruturação da Banca - com lucros obscenos - das grandes empresas, que criam cada vez mais desemprego e não descobrem na pantalha dos novos planos do novo livro, nada que os possa ajudar. Pelo contrário: é em cima deles, dos pequenos e médios empresários que o fisco e a segurança social avançam como justiceiros do apocalipse, sempre em nome dos novos escritores do grande livro da recuperação económica. Um livro já sem leitores.

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