Não posso deixar de me admirar com o que ouço e leio ácerca da "repentina"opa de Belmiro de Azevedo sobre o Grupo Portugal Telecom (PT). O espanto dos jornais, das televisões e das rádios. O que aí vai, Santo Deus!!!...
Mas, senhoras e senhores, o plano não é novo: a primeira vez que ele foi tentado foi por volta de 1996, quando era ministro da tutela das telecomunicações o engº. Cravinho e Secretária de Estado da Habitação e Telecomunicações, Leonor Coutinho. Murteira Nabo já era Presidente da Portugal Telecom.
Belmiro de Azevedo arquitectou o projecto de juntar a France Telecom e a DeutcheTelekom, para, com ele, então concorrente a uma das licenças de operador móvel, tomarem conta da Portugal Telecom. Foi então que a operadora nacional, por inspiração da Secretária de Estado, arquitectou a estratégia de se aliar, em simultâneo, à Telefónica e à British Telecom.
Os anos passaram, a PT foi completamente nacionalizada, com a excepção das 500 acções "golden share", que dão ao Estado a possibilidade de votar contra decisões estratégicas ( entre as quais a escolha do presidente do Grupo) e Belmiro regressa com o seu plano.
Com uma diferença importante: a France Telecom não tem condições para se juntar a ele, porque os resultados negativos dos seus últimos exercícios obrigaram a uma intervenção do Estado francês.
Sem a France Telecom, a Deutchetelekom está no céu e assume sózinha o papel das duas. Belmiro enverga as dragonas do cavaleiro português, o Banco Satander, a troco de um grande comissão, aceita passar o cheque e aí está o "circo" montado. Tanto mais que a PT, entretanto, se espalhou pelo Mundo e dispersou activos por mercados de rentabilidade impressionante.
Belmiro garante o interesse nacional e não sei que mais, já aceita a "golden share" e as duas redes, mas toda a gente sabe que ele compra para vender. Compra em grande e vende a retalho. O interesse da Deutchetelekom está na rede fixa, para tomar conta do mercado ibérico.
É aí que a porca torce o rabo, já que a Telefónica sabe que com a Deutchetelekom em Portugal tem o seu próprio mercado interno ameaçado.
Estamos a assistir a um a luta de gigantes na nossa pequenina bolsa. Veremos quem ganha. Uma coisa é certa: aqueles que se bateram para que o Estado ficasse pelo menos com 25 por cento do capital da Portugal Telecom estão a ser derrotados todos os dias.
Nesta OPA também fica, por outro lado, evidente, o papel permanentememte negativo do BES, que, com os seus jogos escuros - e às vezes sujos - manteve a cotação das acções da PT a níveis tão baixos que hoje permitem ao engº Belmiro vir oferecer a ridicularia de 9,5 euros por cada acção.
Talvez esta luta de gigantes sirva para demonstrar o verdadeiro valor accionista do maior grupo empresarial português, que - diga-se em abono da verdade - tem sido dirigido por oportunistas que apenas pensam em si e nas suas próprias contas bancárias.
Portugal como Estado com capacidade para orientar a sua vida e determinar a dos seus cidadãos está a desaperecer aos poucos. Fica apenas o espaço - bonito, bonito, mas sem poder ir à mesa.
1 comentário:
Qualquer dia o gajo compra isto tudo!
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