sábado, junho 30, 2007

IDA E VOLTA

O problema com os idosos é que eles já viram os filmes. Já passaram por muito e já viveram antes muitos dos problemas que hoje se colocam, muitos dos quais nem há tanto tempo como isso! O défice instalou-se em plena euforia revolucionária. Os governos provisórios não tinham nem meios nem vontade de travar os desvarios do povo saído da opressão. Proibidos os despedimentos, por exemplo, logo o desemprego se instalou até se tornar assustador, especialmente na construção civil. Após as eleições e com o governo legitimado por eleições, Mário Soares entendeu, por bem, «meter o socialismo na gaveta». Foi daquele governo que saiu o «contrato a prazo». O que hoje soa a infâmia deu, na altura, resultado. O desemprego abrandou. Foi mais difícil equilibrar a economia. Foi o período longo e duro dos salários em atraso, que perduraram por diferentes governos, até que Cavaco Silva lhes pôs termo. Estão a reaparecer. E a crise agrava-se por culpa do governo. As deslocalizações não aconteceram por acaso. Era manifesto que iam acontecer.
O contrato a prazo já não é o paliativo que foi. No passado foram muitas as empresas do Estado que deram o mote do abuso renovando os contratos a termo certo ene vezes, borrifando-se para a legislação, mas acabavam por engolir boa parte desses trabalhadores, naturalmente prejudicados pela contagem de tempo para efeitos promoções ou reforma.
Hoje é bem pior. A Banca,por exemplo, explora os jovens à saída dos liceus ou faculdade, devolvendo-os ao desemprego uma duzia ou mesmo duas de meses depois. Mas não só. As empresas que sairam da posse do Estado desligam-se de imediato de comparticipar na economia do país. Reduzem os quadros, desfazem-se dos trabalhadores, substituindo-os, em muitos casos, por maquinetas, que não gozam férias, nem subsídios nocturnos.
Não é preocupação das empresas privadas o bem estar da população. O Estado, quer dizer os governos que alienaram e vão alienando os bens do Estado, não asseguram «o dever de lealdade» ao povo. E como se não bastasse é agora um dos ministros patetas que fechar as maternidades, deslocaliza os centros de saúde. A segurança social tornou-se uma espécie de passe do «metro» ou da «carris». Tem que se pagar. A opção é simples:a vida ou a morte!
Este governo não é socialista, disse o avô-cantigas da Segurança Social. O governo talvez não seja, mas eles, os ministros, a começar pelo primeiro, são. Pelo menos enquanto o Partido não os demitir, que para isso o P.R. não tem tomates, se me é permitida alguma jucosidade...

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